Em pronunciamento na Câmara Federal, o deputado Iran Barbosa, do PT/SE, expressou toda a sua preocupação com relação ao projeto do governo federal de instalar uma usina nuclear no Nordeste, mais especificamente a quarta deste tipo do Brasil, após a construção de Angra 3, e que pode ser implantada na região de Xingó, em Canindé do São Francisco, no estado de Sergipe.
Iran lembrou que tal afirmativa foi feita pelo diretor de Operação e Comercialização da Eletronuclear, Pedro Diniz de Figueiredo, durante palestra promovida pela Associação Comercial de Sergipe (Acese), no último dia 13 de abril, em Aracaju. O parlamentar avisou que irá apresentar requerimentos de informação aos Ministérios da Ciência e Tecnologia e Minas Energias, pedindo esclarecimentos sobre os planos do governo de criação de novas usinas nucleares no Brasil e no Nordeste.
Para o parlamentar sergipano, a informação é preocupante, tendo em vista que a energia nuclear é vista por muitos estudiosos e ambientalistas como um dos erros tecnológicos, ecológicos, sociais e econômicos mais graves de nosso tempo. "Catástrofes como a da Central Nuclear de Chernobyl e a mera existência dos resíduos radioativos, que representam um enorme perigo por dezenas de milhares de anos, constituem fortes indícios de que essa preocupação tem fundamento", destacou Iran, lembrando que o Brasil possui um imenso potencial de recursos energéticos limpos, o que torna a energia nuclear completamente dispensável. "Nosso país precisa é investir em fontes de energia renováveis, especialmente os pequenos empreendimentos eólicos, termoelétricos, de biomassa e hidroelétricos", disse.
Lixo nuclear
Iran Barbosa destacou, ainda, que reatores nucleares e instalações complementares geram grandes quantidades de lixo nuclear que precisam ficar sob vigilância por milhares de anos, não se conhecendo técnicas seguras de armazenamento do lixo nuclear gerado. Além disso, a energia nuclear não se justifica do ponto de vista econômico.
De acordo com o Greenpeace, os custos da energia nuclear são altíssimos, maiores que os da hidroeletricidade e os de fontes renováveis, como a co-geração por meio de resíduos de biomassa e energia eólica. Destacou ainda, que quase trinta anos depois da aprovação do Acordo Nuclear entre a Alemanha e o Brasil, a posição do governo e do povo alemão com relação à energia nuclear mudou completamente. Como conseqüência disso, o governo alemão anunciou, em 2000, a desativação de seu programa energético nuclear.
"Na contramão dessa tendência, o governo brasileiro tem estimulado a utilização da tecnologia nuclear. Nem o Nordeste e nem Sergipe precisam de usina nuclear", declarou o parlamentar petista. "Por tudo isso, quero me somar às dezenas de manifestações contrárias à instalação da usina nuclear na região de Xingó, em Canindé do São Francisco, e em qualquer outra região do Brasil. Aproveito, também, para informar que apresentarei requerimentos de informação aos Ministérios da Ciência e Tecnologia e Minas Energias, pedindo esclarecimentos sobre planos do governo de criação de novas usinas nucleares no Brasil e no Nordeste.
(Informe Sergipe, 21/04/2007)