A Embrapa Agrobiologia (Seropédica/RJ), a Petrobras, a Universidade Federal Rural do Semi-Árido e a Fundação Guimarães Duque assinaram um convênio que prevê o estudo de espécies nativas da região que possam ser utilizadas para regenerar o solo. O objetivo é desenvolver tecnologia de recuperação de áreas degradadas na Caatinga. Inicialmente, o projeto vai ser desenvolvido em 5 jazidas de exploração de piçarro (espécie de saibro retirado destas regiões para aterro nas áreas de exploração de petróleo) em atividade na localidade de Alto Rodrigues e em Mossoró, no Rio Grande do Norte.
De acordo com avaliação prévia dos pesquisadores da Embrapa Agrobiologia, revegetar estas áreas se torna difícil porque toda a camada superficial do solo, que é a mais fértil e rica em matéria orgânica, foi retirada. No local, há poucos sinais de revegetação espontânea, já que poucas são as espécies capazes de se adaptar a essa situação.
A Embrapa Agrobiologia desenvolveu, há mais de vinte anos, uma tecnologia de recuperação de áreas degradadas utilizando plantas da família das leguminosas inoculadas com bactérias fixadoras de nitrogênio e fungos micorrízicos. As leguminosas associadas a esses microrganismos se tornam mais resistentes a estresses ambientais e conseguem sobreviver em solos onde a camada fértil foi retirada.
Essas estratégias de recuperação têm sido utilizadas com sucesso em diversas situações de degradação, como áreas de empréstimos, cortes de estrada, voçorocas, áreas de mineração de ferrro, ouro, bauxita, entre outras. As parcerias da Embrapa Agrobiologia nesses projetos vão desde órgãos de fomento - como CNPq, Faperj, Finep - a empresas privadas, como ALUMAR (MA), Mineração Rio do Norte (PA), Vale do Rio Doce (PA,MG,ES), Samarco (MG), prefeituras municipais (Angra dos Reis, Niterói, etc) e sindicatos (Associação dos Mineradores de Areais de Seropédica/RJ), entre outros.
Segundo um dos coordenadores do projeto, o pesquisador da Embrapa Agrobiologia Eduardo Campello, o experimento para recuperação dessas áreas na Caatinga vai ser conduzido inicialmente com o plantio de 20 espécies vegetais, sendo 10 leguminosas e outras 10 não leguminosas.
“Esse leque possibilita a obtenção de boa diversidade de espécies arbóreas pioneiras, mais indicadas para o início de plantio em áreas abertas”, afirma o pesquisador. Campello diz que quando se considera o bioma da Caatinga e o levantamento prévio feito pela Embrapa, pela Universidade Federal do Semi-árido e pela Petrobras, constata-se que este número permite um controle rígido do potencial de cada uma dessas espécies nessa primeira fase, gerando informações que servirão de base para revegetações futuras na região.
As espécies escolhidas devem ter potencial não apenas para recuperar o solo, mas também devem ser de aproveitamento econômico, como por exemplo, fontes de produção de mel, forragem para consumo animal, madeira e geração de energia através da produção de óleo vegetal (biodiesel), entre outros usos.
(Embrapa, 21/04/2007)