Cerca de 4,5 milhões de litros de óleo de cozinha usado deverão ser aproveitados na produção de biodiesel anualmente no estado do Rio de Janeiro. Um programa lançado ontem (20/04) pela Refinaria de Manguinhos (privada) e pela Secretaria Estadual do Ambiente, prevê a coleta desse tipo de óleo junto a mais de 20 cooperativas de catadores de material reciclado para a produção de biocombustível. O óleo será recolhido de restaurantes, hotéis e condomínios residenciais e será encaminhado a Manguinhos, que pagará entre R$ 0,40 e R$ 0,60 por litro, dependendo da qualidade de produto. Para o vice-presidente da Federação das Cooperativas de Catadores, Jorge Nunes, essa é mais uma alternativa de renda para os catadores.
"Todas as cooperativas que coletam material reciclável hoje tem mais uma opção de coleta seletiva, que é o óleo reaproveitável. Com isso, as pessoas têm mais um item para emprego e renda", destacou Nunes. Segundo o diretor industrial de Manguinhos, Fernando César Barbosa, a idéia é misturar 10% do óleo de cozinha a 90% de óleo virgem, produzido a partir de vegetais como soja, mamona e girassol para produzir biodiesel na usina de biocombustíveis que será inaugurada em maio na Refinaria. Com isso, os 4,5 milhões de litros de óleo de cozinha deverão resultar na produção de 45 milhões de litros de biodiesel.
"O primeiro foco é social: vamos inserir novos catadores no circuito do biodiesel e eles vão receber para isso. O segundo foco é energético: vamos utilizar um produto que iria poluir em rios e lagoas em energia. E o terceiro é a questão ambiental, que é muito forte, porque vamos diminuindo o custo de tratamento de água da Companhia de Águas (Cedae)", afirmou Barbosa. De acordo com a Secretaria Estadual do Ambiente, essa é a primeira usina de biodiesel a operar no estado do Rio de Janeiro e a primeira, do Brasil, a utilizar óleo usado de cozinha na produção de biodiesel. O secretário Carlos Minc afirmou que o governo estadual quer incentivar a produção e utilização do biodiesel no estado.
"Já detectamos quatro áreas boas, no estado, para plantio de mamona, girassol e pinhão-manso [oleaginosas usadas na produção do biodiesel]. Outro ponto é que estamos em conversações com a Secretaria de Transportes e a Fetranspor [Federação de Empresas de Transportes de Passageiros do Estado] para ter uma mistura de 5% de biodiesel ao diesel dos ônibus e caminhões. O objetivo é o Rio sair na frente e ser a capital da ecologia", disse Minc. A legislação federal prevê que, a partir de janeiro de 2008, todo óleo diesel vendido em território nacional tenha a adição de 2% de biodiesel, que é um biocombustível obtido a partir da reação de óleos vegetais com uma pequena porcentagem de álcool.
(Por Vitor Abdala, Agência Brasil, 20/04/2007)