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2007-04-20
Os técnicos afirmam que o processo equilibrado entre os componentes arbóreo, forrageiro/agrícola e animal ocorrem em harmonia pelos espaçamentos entre as árvores, o que provoca uma diminuição na competição entre as espécies. Esse fator é primordial para uma produção eficiente com eucaliptos integrada a outras culturas e sem causar danos ao campo nativo.

Com a proposta de avaliar a produção forrageira, o grupo de estudos apresentou dados sobre a importância da análise de espécies forrageiras que estão integradas com florestas. De acordo com pesquisas recentes pode-se obter produções melhores, tanto em quantidade de forragem como em qualidade com algumas espécies. Para o professor da Uergs, engenheiro agrônomo Gustavo Martins da Silva, as árvores são indicadas como benéficas para a produção de forragens por uma série de fatores, entre eles: reciclagem de nutrientes; maior evapotranspiração de plantas forrageiras herbáceas; manutenção de uma temperatura mais estável e maior infiltração de água no solo. Mesmo assim, o professor ressalta a importância de uma maior avaliação sobre os impactos nos ecossistemas, como o Bioma Pampa. Para ele é necessário esse estudo porque, com a produção de eucaliptos em uma vegetação desprovida de árvores, é valioso saber como as espécies irão reagir. “Há inúmeros benefícios, porém existe a questão da menor insolação, que pode prejudicar a produção, causando alguns reveses.

Por isso estamos reunidos para estudar e debater sobre todos esses aspectos”, declarou Martins. Para o pesquisador da Embrapa, Alexandre Varella, um dos fatores fundamentais para a produção de forrageiras, além dos espaçamentos entre as árvores, é a luminosidade recebida. “A irradiação é o elemento que mais determina a produtividade, bem como a composição botânica e a qualidade das pastagens”, informa o pesquisador. Varella comentaque algumas alternativas podem ser feitas pelo produtor para a integração floresta – lavoura –pecuária a partir do primeiro ano,destacando: técnicas de manejo, como desrama das árvores e utilização de forrageiras mais tolerantes ao sombreamento já identificadas pela pesquisa científica, aliadas à manutenção de um sistema equilibrado com menores densidades arbóreas.

A previsão do recém - formado grupo de estudos é conduzir periodicamente dias de campo para debates, como também conduzir ações em conjunto para estudos e análises da produção agrossilvipastoril na região da Campanha.

O produtor Miguel Bonotto observou, com a experiência agrossilvipastoril realizada em sua propriedade, que os animais obtiveram conforto dentro das florestas. Houve grande oferta de pastagens; ocorreu manutenção da lotação; algumas dificuldades no manejo sanitário de ovinos no verão; melhor aproveitamento das áreas que não foram plantadas com árvores e apossibilidade de limpeza de vegetação dentro da floresta.

Produtor de Olhos D’ Água apresentou experiência agrossilvipastoril
A tarde de campo, realizada no dia 18 de abril, na Chácara São Miguel, localidade de Olhos D’ Água, em Bagé, de propriedade de Miguel Bonotto, confirmou o interesse de produtores rurais, pesquisadores, técnicos e estudantes sobre o cultivo de espécies florestais. O evento foi a primeira ação do Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Sistemas Agrossilvipastoris formado por entidades como a Embrapa Pecuária Sul, Emater RS/Ascar, Uergs, Urcamp, Associação e Sindicato Rural de Bagé, Aciba, Associação Bageense de Engenheiros Agrônomos, Crea/RS e Cooplantio. Mais de 100 pessoas observaram e debateram os sistemas agrossilvipastoris tendo como exemplo a experiência realizada na propriedade de Miguel Bonotto.

O produtor cultiva, há um ano e meio, árvores em sua propriedade. São 60 hectares para o plantio de eucaliptos híbridos, mais resistentes à seca e que fazem parte do programa Poupança Florestal da Votorantim. O cultivo atende, segundo os técnicos do grupo de estudos, as expectativas de um sistema agrossilvipastoril abrangente, já que estão localizados em fileiras com espaçamento de 4 metros cada, sendo 1,5 metro para cada árvore.

Com esses espaços o produtor pôde otimizar a sua produção consorciando a agricultura e a pecuária de corte com o florestamento. O produtor plantou inicialmente milho, obtendo em seis meses uma produtividade de 50 sacos por hectare. Em abril de 2006 foram colocados 200 ovinos que ficaram até o período de parição em julho. No início da primavera, foram introduzidos bovinos de corte.

Os resultados parciais já indicam o êxito na experiência. Conforme o produtor, não houve prejuízos. “Eu plantei arroz durante 20 anos, mas nos últimos anos comecei a ter muitos prejuízos. Já com a plantação de eucaliptos, além de uma melhora na produção, eu pude empregar mais pessoas”, conta Miguel Bonotto.
(Jornal Minuano, 20/04/2007)

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