Uma equipe internacional de pesquisadores identificou as mais antigas florestas do planeta, com cerca de 385 milhões de anos. O trabalho de reconstituição das árvores a partir de fósseis foi descrito na edição desta quinta-feira (19/04) da revista Nature.
A descoberta resolve um mistério que intrigava os cientistas há mais de um século. Em 1870, durante obras de reparação de danos causados por uma enchente, trabalhadores encontraram pedaços de troncos de árvores fossilizadas no Estado de Nova York, mas até agora não se conhecia o aspecto das árvores inteiras.
Há dois anos, dois fósseis de árvores foram encontrados, com tronco, galhos, gravetos e copa ainda intactos. O estudo, coordenado por Christopher Berry, da Universidade Cardiff, no Reino Unido, determinou que o tronco pertence ao gênero extinto Wattieza. Também participaram do estudo pesquisadores da Universidade de Binghampton e do Museu Estadual de Nova York.
Pequenos fragmentos de Wattieza já haviam sido descobertos no passado, mas não se sabia que tamanho a planta poderia atingir. Os novos espécimes indicam que a árvore pode ter chegado a oito metros de altura.
De acordo como Berry, estima-se que a espécie tenha formado as primeiras florestas do planeta. A espécie não possuía folhas e tinha um sistema de raízes bastante limitado. A fotossíntese era feita pelos galhos.
“O achado é espetacular, porque permite recriar ecossistemas florestais primordiais”, disse o pesquisador, que estuda há 17 anos árvores fósseis encontradas em todo o mundo. Segundo ele, o achado marca um momento importante na história do planeta.
“A ascensão das florestas retirou bastante dióxido de carbono da atmosfera, o que causou queda nas temperaturas e tornou as condições do planeta muito semelhantes às atuais”, disse.
O cientista explicou que a formação das primeiras florestas deve ter mudado o sistema ecológico da Terra completamente, criando novos tipos de microambientes para plantas menores e insetos, armazenando imensas quantidades de carbono e tornando o solo mais fértil.
Segundo os pesquisadores, na época e região em que tais árvores existiram, no período Devoniano (de 385 a 397 milhões de anos atrás), a vida de animais terrestres se resumia a pequenos artrópodes. As florestas de Wattiezas precederam os dinossauros em cerca de 140 milhões de anos. Não havia nenhum animal voador, nem répteis ou anfíbios.
O artigo Giant cladoxylopsid trees resolve the enigma of the Earth’s earliest forest stumps at Gilboa, de Christopher Berry e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.
(Agência Fapesp, 19/04/2007
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