Projetos movidos a combustíveis fósseis representam 57% das usinas termoelétricas do Programa de Aceleração do Crescimento.Brasília, DF - Responsáveis por aproximadamente 25% dos 12.386 megawatts previstos para serem incluídos na geração de energia pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as termoelétricas terão a maior parte dos investimentos previstos até agora feita à custa de fontes consideradas poluidoras e caras. Dentro dessa modalidade de geração, os projetos do PAC se concentram em combustíveis fósseis, como óleo combustível, diesel e carvão.
Com base no relatório divulgado pelo governo federal no lançamento do PAC, em janeiro, além da lista da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre projetos em andamento, estima-se que as usinas térmicas sejam responsáveis por 2.890,5 megawatts, o que equivale a 23,3% da potência elétrica prevista no pacote de investimentos do governo federal. As hidrelétricas ficariam com 8.427,5 megawatts (68%) e as usinas eólicas – movidas a vento – seriam responsáveis por 1.068 megawatts (8,6%) da geração.
Apesar de as fontes limpas terem predominância nos projetos, são as fontes sujas que lideram os investimentos entre as termelétricas. O cruzamento do relatório do PAC e da lista da Aneel mostra que os projetos de usinas movidas a combustíveis fósseis representam por 57% das usinas termoelétricas.
O óleo combustível e o diesel respondem por 32,8% do potência elétrica das futuras usinas térmicas, e o carvão mineral, por 24,2%. O gás natural, combustível menos poluente, tem participação de 27,3% nesses projetos. Isso é pouco mais da metade da fatia de 48,1% que o gás natural tem na energia produzida pelas usinas térmicas em operação no país.
As usinas de bagaço de cana e de biomassa (movidas a combustíveis vegetais como restos de madeira e casca de arroz) representam, respectivamente, 10,8% e 4,9% da potência elétrica. Esses números estão próximos da participação atual dessas fontes nas termelétricas, que são de 11,9% e 4,6%.
O coordenador de Planejamento Energético da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa, diz que a concentração dos investimentos das termelétricas em combustíveis fósseis ocorre por causa de um gargalo na produção de gás natural. "Atualmente, não existe gás natural suficiente para atender todas as termelétricas do país", ressalta.
Para Pinguelli, a estrutura de modelo para a produção do gás natural criou complicações. "A destinação de 30% do gás natural para consumidores intensivos dificulta o planejamento, porque a energia está nas mãos de poucos", avalia o especialista. "Como o gás natural ficou mais caro nos últimos tempos, por causa das pressões da Bolívia e do fim de subsídios de mercado, isso também inibe os investimentos."
(Por Wellton Máximo,
Agência Brasil, 18/04/2007)