Das mais de 1.200 toneladas de material reciclável geradas mensalmente em Ponta Grossa, pouco menos da metade, ou algo em torno de 647 toneladas, são coletados e encaminhados para reciclagem efetiva. Os números foram apresentados ontem pelo secretário municipal de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente, Laertes Bianchessi, durante palestra sobre o programa municipal de coleta seletiva, no seminário "Discussões sobre um mundo ambientalmente correto".
Laertes também demonstrou, em sua palestra, que apesar dos esforços do governo municipal, uma parte considerável da administração, apenas perto de 90 toneladas mensais de material reciclável são coletadas pelas associações de catadores regulamentadas e apoiadas pela administração. A intenção do governo é estender esse apoio e ampliar não só a cobertura institucional aos catadores de material reciclável, como também o percentual de materiais destinados à reciclagem. Hoje as associações respondem por apenas 13,9% do total coletado em Ponta Grossa, ficando todo o restante a cargo de iniciativas isoladas ou coordenadas por empresários do ramo de reciclagem. As quatro associações hoje em funcionamento em Ponta Grossa empregam 132 catadores, todos cadastrados, operando com uniformes e recebendo lanches, integrados ao programa de Coleta Seletiva, que disponibiliza barracões, recepção e prensagem do material e ainda dá assessoria comercial e operacional. No total, 18 servidores municipais atuam diretamente no programa, sem contar o apoio dado pelo Serviço de Obras Sociais, que faz o cadastro e fornece uniformes e lanches.
ImpactoEm sua palestra, o secretário Laertes deixou claro que existe ainda um potencial imenso na área de reciclagem de materiais, em Ponta Grossa. A cada mês, 4.500 toneladas de resíduos sólidos são depositadas no aterro público. Desse total, 55% é composto por lixo orgânico, 18% por rejeitos diversos e 27% por materiais recicláveis. Não é pouca coisa. Só o total de materiais recicláveis gerados em Ponta Grossa alcança mais de 1.200 toneladas. E metade disso é simplesmente desperdiçado, ocupando espaço no aterro sanitário – reduzindo sua vida útil – e produzindo maior impacto no meio ambiente. Sem contar o efeito reverso: cada tonelada de material reciclável desperdiçada obriga as indústrias a produzir mais matéria-prima, causando impacto maior ainda.
Ponta Grossa, segundo o secretário Laertes, experimentou uma evolução muito grande nesse processo. As práticas antigas, com atendimento apenas parcial e descontinuado, não atendiam às expectativas das comunidades assistidas nem representavam grande avanço no processo de reciclagem. Laertes também revelou que são três as dimensões em que está fundamentado o programa "Renda do Lixo", que são as dimensões ambiental, econômica e social. Para que o programa prospere, segundo o secretário, são necessários o comprometimento político, a organização dos catadores e o assessoramento, com apoio administrativo, operacional e comercial, aos coletores, organizados de forma associativa. De acordo com Laertes, a otimização desse processo começou em julho de 2005, com a criação da Associação dos Catadores de Materiais Reciclados (Acamar), que foi seguida, em setembro de 2006, pela fundação da Acamaruva; no mês seguinte com a criação da Acamaro, e em dezembro, a fundação da Acamaru.
O município participa desse processo fornecendo barracões, caminhões de coleta, prensas, carrinhos de fardo e de coleta, balança, baias para deposição de material e mesas de separação. A meta agora é ampliar o volume de material coletado, com o aumento das estruturas de suporte às associações de catadores, incentivando também novas organizações de idêntica natureza. Laertes lembrou que o programa foi implantado na atual administração, e que se constitui "num exemplo de iniciativa vitoriosa, que vem dando certo não só como empreendimento associativo mas como ação efetiva em prol do meio ambiente".
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Diário da Manhã, 19/04/2007)