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2007-04-19
Instituto de Química (IQ) da Unicamp, dentro do seu ciclo de palestras, recebeu, na quarta-feira (18/04), a visita do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Adaberto Luis Val. Biólogo de formação e especialista em peixes, Adalberto falou sobre o tema “Amazônia: além de cores e formas”.

Segundo o diretor do Inpa, trata-se de um tema sugestivo, referencial, onde a idéia é ser provocativo. “A pessoas tendem a ver a Amazônia por vários aspectos como as diversidades de espaços, de ambientes e de culturas. Mas por trás de tudo isso há uma diversidade completamente desconhecida que acontece no nível celular, no nível molecular, no nível das habitações que os organismos desenvolveram para se haver com as variações ambientais”, afirmou. Para ele, além dessas diversidades de cores e formas há um conjunto completamente desconhecido de matizes que despertam o interesse, principalmente de setores mais desenvolvidos da ciência e da tecnologia.

Se você imaginar, observa Adalberto, que o mundo inteiro caminhou no sentido de adquirir seqüenciadores de DNA visando decifrar códigos genéticos, o que acontece atualmente é que para se testar todas as teorias que estão emergindo desses estudos é preciso do organismo vivendo nos seus ambientes naturais, interagindo com seus semelhantes, disputando espaços e alimentos com seus não-semelhantes e isso tem sua expressão máxima nas regiões tropicais do planeta, entre as quais a Amazônia possui uma posição de destaque.

Durante a palestra ele falou sobre o que é a Amazônia e o conhecimento que se tem sobre ela. Abordou o tema biodiversidade, com ênfase em peixes, que é sua área de pesquisa, mostrando um pouco da diversidade não só ponto de vista das suas estruturas, das suas formas, das suas cores, dos seus números e também o que está por trás disso. Por exemplo, quais são as adaptações e como os peixes se comportam com as modificações que existem no meio ambiente. Além disso, fez um alerta para as pressões antrópicas.

“O que o homem está fazendo na Amazônia, do ponto de vista dos peixes, que poderia afetar a comunidade existente na região?”. Falou também sobre o Inpa e mostrou os trabalhos e os desafios institucionais. Na última parte da palestra falou sobre os desafios de fazer ciência na Amazônia. O que falta para a Amazônia, de fato, segundo Val, é integrar-se ao processo de desenvolvimento do país como um todo. “A gente não pode mais ver a Amazônia como um repositário de diversidade ou um potencial. É preciso transformar esse potencial em ação e precisamos fazer isso em prol da sociedade brasileira”, ressaltou.

Para o diretor do IQ, Ronaldo Pilli, a visita de Adalberto Val está inserida no esforço de abrir à comunidade do IQ e da Unicamp o debate sobre temas diversos. “A Amazônia, para essa nova geração de doutores e pesquisadores que estamos formando em todas as áreas é uma fronteira, é um local onde se tem enormes possibilidades de desenvolver pesquisa, produzir conhecimento e, sobretudo, garantir a soberania sobre esse tesouro que possuímos. Espero que o IQ possa colaborar nesse esforço de inserir a Amazônia nessa agenda de pesquisa e de preocupações nacionais. O IQ, dentro das suas possibilidades, tem todo interesse em estar presente e colaborar das mais diversas formas possíveis”, afirmou Pilli.
(Por Jeverson Barbieri, Jornal da Unicamp, 18/04/2007)

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