Os EUA só vão ingressar em um regime mundial que imponha limites à emissão dos gases do efeito estufa quando essas regras valerem também para a China e a Índia, afirmou ontem (18/04), o embaixador americano junto à União Européia (UE), C. Boyden Gray.
"Em vez de ficar trocando tiros, os EUA e a Europa deveriam unir forças para convencer a China a aceitar limites de emissão", afirmou Gray à Reuters, em uma entrevista concedida antes da cúpula EUA-UE, marcada para 30 de abril.
"Não haverá nenhum tratado amplo sobre o aquecimento global vindo dos EUA, independentemente de quem seja o presidente do país ou o partido no comando dele, que não inclua limites ou um programa para a China, a Índia e o restante do mundo em desenvolvimento."
Gray mostrou ter dúvidas sobre se a UE, composta por 27 países-membros, conseguiria atingir as ambiciosas metas de redução, adotadas no mês passado, e disse que a opção dos EUA de concentrar esforços na soluções tecnológicas para as mudanças climáticas era tão válida quanto a imposição de limites de emissão.
"Não acredito que precisemos nos sentir abaixo de ninguém a respeito do que estamos fazendo agora e sobre o que pretendemos obter no futuro", afirmou Gray. A UE acertou, em março, cortar suas emissões de gases do efeito estufa, até 2020, para 20% abaixo dos níveis de 1990. E esse corte pode chegar a 30%, se outros países industrializados e em desenvolvimento aderirem aos esforços. Durante a entrevista, Gray esforçou-se para destacar o que os EUA já estavam fazendo para enfrentar o problema.
Segundo o enviado, o desempenho americano ao limitar as emissões de gases do efeito estufa era bom quando comparado com o da Europa nesta década. E destacou que o presidente dos EUA, George W. Bush, havia fixado a ambiciosa meta de cortar em 20%, nos próximos dez anos, o consumo de gasolina no país. Além disso, os EUA teriam investido cerca de US$ 30 bilhões em tecnologias de proteção do clima, como as de captura e armazenagem de carbono, e as que visam ao surgimento de uma segunda geração de biocombustíveis.
De outro lado, os esforços para lançar negociações sobre a prorrogação do Protocolo de Kyoto, que deixa de vigorar em 2012, não conseguiram ter sucesso porque vários países, entre os quais os EUA, recusam-se a adotar metas para cortar as emissões de gases do efeito estufa. Os americanos respondem por quase um quarto de todas as emissões de carbono do mundo, mas especialistas dizem que o país pode ser superado pela China dentro de um ano.
(Reuters, 18/04/2007)