Com seu potencial para reduzir emissões de carbono, ajudar a resolver o problema da mudança climática e criar oportunidades econômicas para áreas rurais, os biocombustíveis podem ser um componente importante do mix de energias do futuro. Muitos governos já requerem misturas de biocombustíveis com fósseis, com uma indústria que cresce rapidamente, da Guatemala a Mauritius, do Brasil à Tailândia.

Mas sem cuidados e prevenção, muitos biocombustíveis podem ter impactos negativos, como gerar conversão de florestas e outros ecossistemas para agricultura, utilização de água onde há escassez, redução da terra disponível para produção de alimentos, etc. Consumidores, produtores, governos e sociedade civil desejam, critérios que assegurem que os biocombustíveis sejam parte da solução, e não mais um problema.

O Centro de Energia da Escola Politécnica Federal de Lausanne (instituição de pesquisa do governo suíço) anunciou nesta terça-feira (17) um processo denominado Mesa Redonda sobre Biocombustíveis Sustentáveis, para discutir e criar uma proposta de padrões globais relacionados com produção e consumo de biocombustíveis.

Entre os membros do Conselho Diretor, que participam como indivíduos, há uma diversidade de líderes oriundos de organizações e empresas como WWF (World Wide Fund for Nature), Toyota, BP, Centro Popular do Mali, Shell, os governos holandês e suíço, Fundação das Nações Unidas, Petrobras (Ildo Sauer, diretor de petróleo e gás), Fórum Econômico Mundial (Davos), Universidade da Califórnia em Berkeley, Bunge, TERI India e Amigos da Terra - Amazônia Brasileira (Roberto Smeraldi, diretor). Claude Martin, ex presidente da WWF Internacional, presidirá o Conselho.

O Conselho Diretor invitará atores relevantes a discutir em grupos de trabalho propostas para critérios sobre os impactos sociais e ambientais, assim como as condições para ter benefícios líquidos na área mudança climática. Os quatro grupos de trabalho, abertos a especialistas de todos os países, vão focar análise de eficiência de ciclo de vida nas emissões; questões ambientais;  questões sociais e implementação. Focos de interesse especial serão os temas de biodiversidade, , recursos hídricos, direitos trabalhistas e fundiários, assim como assegurar a contribuição dos biocombustíveis a metas de desenvolvimento social e econômico do meio rural.

A Mesa Redonda receberá opiniões e contribuições por meio de tecnologia online, conferências eletrônicas e reuniões regionais, para garantir que representantes de países em desenvolvimento e grupos menos favorecidos possam ter uma oportunidade efetiva para contribuir à elaboração dos critérios.

"Sendo que a Suíça não é um dos maiores importadores de biocombustíveis, representa uma plataforma neutra para hospedar esta discussão"- comentou Patrick Aebischer, Presidente da EPFL. "Nossa esperança é que um ambiente acadêmico proporcione para empresas, governos e sociedade civil a possibilidade de encontrar algum consenso sobre como assegurar que os biocombustíveis respeitem padrões de sustentabilidade". Mais de oitenta especialistas de dezenas de países, incluindo o brasileiro Délcio Rodrigues, da ONG Vitae Civilis, aceitaram participar da discussão nos grupos de trabalho.

"O desafio é enorme - comentou Roberto Smeraldi - mas sem estabelecer diálogo não há chance de direcionar o trator representado pela demanda de mercado: nem internacionalmente, nem mesmo aqui no Brasil. E o sucesso de uma iniciativa setorial desse tipo está também vinculado ao progresso de um marco para o conjunto da produção agrícola". Confira aqui o site da mesa Redonda.

(Envolverde, 17/04/2007)