A silvicultura como alternativa para o Rio Grande do Sul recuperar áreas com solo degradado e incrementar a economia foi a proposta defendida ontem (17/4) pelo cientista florestal e ex-diretor do Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (Csiro), da Austrália, Sadanandan Nambiar, durante a conferência Florestamento para o desenvolvimento econômico e mitigação da pobreza.
Em sua apresentação, a convite da Stora Enso, o especialista declarou que o Estado teria plenas condições de desenvolver projetos na área de florestamento, sem que isso significasse a substituição de culturas, ou fosse fator de risco no que diz respeito à questão ambiental. "Tenho observado que é tão grave e intensa a degradação do solo no Estado, que a silvicultura funcionaria como uma cadeia que além das prioridades sociais, trabalharia com a questão da preservação. É possível ter floresta e manter a biodiversidade". Ele deu como exemplo a situação da Índia, que converteu 50 mil hectares de lavouras em floresta. "Sem impacto na atividade agrícola e fazendo com que os produtores rurais se mantivessem no campo".
Em relação à questão da água, uma das maiores polêmicas relacionadas à silvicultura, principalmente entre os ecologistas, Nambiar fez uma pergunta aos presentes. "Onde estão as provas de que o plantio de árvores polui as águas?" O cientista acrescentou que a agricultura, com a cultura de arroz, por exemplo, é que pode ser considerada como uma das responsáveis pelo mau uso da água. "Cerca de 70% da água acessível é usada para irrigação, situação em que ocorrem muitos desperdícios. A agricultura sim, pode ser considerada como fonte de dano ambiental".
Durante sua palestra, ele apresentou uma série de panoramas relativos a países que têm encontrado na prática do florestamento saídas para seus problemas econômicos. "As florestas são uma nova opção para o cenário global". Entre os cases de sucesso na área de florestamento, citados pelo especialista está o Vietnã, que tem se destacado na exportação de móveis. "Hoje, entram para os cofres do país US$ 1,6 bilhão em produtos exportados". A alternativa também seria viável, segundo ele, para países como Etiópia, que destina cerca de US$ 400 milhões para a compra de madeira da Europa.
"Eles não têm comida, não plantam florestas e precisam investir muito para ter acesso à madeira". Os trabalhos na área florestal realizados pela instituição Australiana, buscam integrar indústrias, comunidades regionais, Estado e governos federais.
(Jornal do Comércio, 18/04/2007)