Com a suspensão da liminar que impedia o licenciamento ambiental de
Angra 3, cabe agora ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) retomar o processo, paralisado desde
novembro do ano passado. A análise foi feita à Agência Brasil pelo
assistente da presidência da Eletronuclear, Leonam Guimarães. A estatal
responde pela construção e operação das usinas nucleares brasileiras.
A decisão que impedia o licenciamento ambiental de Angra 3 foi cassada
na última semana, por unanimidade, pelo Tribunal Regional Federal da 2ª
Região. A Justiça acatou o que determina o Decreto 75.870/75. Os
magistrados entenderam que as obras da usina nuclear foram autorizadas
por essa norma vigente à época e aceita pela Constituição de 1988.
Leonam Guimarães destacou, entretanto, que a retomada do licenciamento
de Angra 3 não está relacionada à construção da usina, cuja aprovação
cabe ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), sendo que a
palavra final sobre o tema é de competência exclusiva do presidente da
República.
“Isso não vai influir na decisão do presidente, acredito. Agora, isso
facilita, caso o presidente dê uma decisão positiva”, avaliou
Guimarães. Ele afirmou que sempre cabe recurso por parte do Ministério
Público Federal, autor da ação contra o Ibama e a Fundação Estadual de
Engenharia do Meio Ambiente (Feema), que paralisou o processo de
licenciamento da usina.
O assistente da Eletronuclear explicou que, mesmo com recurso, o
processo agora não pára mais, uma vez que a liminar já está cassada. O
Ibama pode agora dar continuidade à análise do Estudo de Impacto
Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) de Angra 3 e
realizar as audiências públicas previstas em lei. A expectativa da
estatal é que até julho o processo de licenciamento ambiental de Angra
III esteja concluído.
“A gente espera que no prazo de até dois meses seja feita uma audiência
pública. Depende da iniciativa do Ibama de publicar o edital, marcando
a data. Depois disso, tem uma licença prévia e não tem impedimento”,
afirmou Guimarães. A retomada de Angra 3 é assunto que está incluído na
pauta da reunião do CNPE, programada para o próximo dia 24, em Brasília.
Ao dar entrada à ação contra o Ibama, em 2006, o Ministério Público
Federal argumentou que o trabalho desse órgão ia contra a Constituição,
especialmente no que dizia respeito à definição da localização da usina
e à suposta necessidade de aprovação do projeto pelo Congresso
Nacional, conforme explica a Eletronuclear.
A empresa solicitou seu ingresso como ré do processo, o que foi negado
pelo juízo de 1º grau. Com o agravo de instrumento, a Eletronuclear
teve seu pedido acatado. A decisão final do recurso contra a sentença
da 1ª Vara Federal de Angra dos Reis ocorreu no último dia 11.
(Por Alana Gandra,
Agência Brasil, 17/04/2007)