Manchas de cor ferruginosa típicas de uma maré vermelha foram vistas novamente, desde a sexta-feira passada, no litoral de Saubara e na Barra do Paraguaçu, localidade pertencente a Salinas da Margarida. O fenômeno natural foi apontado, em laudo divulgado no início do mês, como a causa da mortandade de 50 toneladas de peixe na Baía de Todos os Santos, ocorrida em março deste ano. Técnicos do Centro de Recursos Ambientais (CRA) estiveram nos pontos atingidos até o fim da tarde de ontem, para a coleta de amostras que serão posteriormente analisadas em laboratório. O laudo só será divulgado em cerca de 15 dias.

O químico Marco Antonio Albuquerque, fiscal do Serviço de Antendimento Emergencial do CRA, informou que a equipe de técnicos, enviada ainda na sexta-feira ao litoral da baía pelo órgão ambiental, identificou a presença de grupos de algas dominantes – o que caracteriza a maré vermelha – nos balneários de Monte Cristo e Bom Jesus dos Pobres, em Saubara, e na área próxima à foz do Rio Paraguaçu, ponto turístico de Salinas das Margaridas. Segundo Albuquerque, as novas manchas têm o mesmo aspecto das anteriores, mas possuem tamanho bem menor. “Também não ocorreram morte de espécies”, garantiu.

Albuquerque disse que ainda não é possível identificar se as algas que causaram as novas manchas são da espécie Gymnodiniu sanguineum, cuja floração acentuada causou o maior desastre ambiental da história da baía. “Trata-se de um incidente bem semelhante, mas não podemos garantir que seja uma extensão da mesma maré vermelha iniciada em março”, assegurou Albuquerque, referindo-se ao fenômeno que levou o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a proibir, até 29 de maio, a pesca em cinco cidades – São Francisco do Conde, Saubara, Santo Amaro, Salinas das Margaridas e Madre de Deus –, mais as ilhas dos Frades e de Bom Jesus dos Passos, ambas pertencentes a Salvador.

No fim da tarde da última sexta-feira, o CRA foi informado pelo secretário de Meio Ambiente de Saubara, João Carlos Reis, do aparecimento de novas manchas avermelhadas no litoral da região. Em seguida, o órgão enviou uma equipe de plantão ao local para iniciar o monitoramento do fenômeno. Na manhã do sábado, químicos e biólogos, junto com a diretora geral do CRA, Beth Wagner, sobrevoaram a área afetada e constataram o fenômeno.

No domingo à tarde, os oito técnicos – além do CRA, participam também dos trabalhos especialistas do Centro de Tecnologia Industrial (Cetind) do Senai e da empresa Hydros, especializada em monitoramento ambiental – passaram a colher amostras da água, tendo identificado o grupo dominante de algas nos pontos atingidos. “Somente durante as análises laboratoriais poderemos dizer com precisão se as algas estão liberando algum tipo de toxina”, explicou Albuquerque.

As amostras foram colhidas de hora em hora, a cada metro da área afetada pelas novas manchas. Os especialistas observaram também o comportamento do grupo de algas, tais como deslocamento e reprodução. Os trabalhos encerraram por volta das 16h de segunda-feira (16/04) cerca de 24 horas após o início.

(Correio da Bahia, 17/04/2007)