IMPRENSA É SIMPLISTA AO INFORMAR SOBRE QUESTÕES AMBIENTAIS
2001-11-01
O Doutor em Engenharia Química pela Universidade de Queensland, Austrália, Dr. Joe da Costa, falou no I Seminário sobre Acidentes Químicos e Atuação da Mídia em Porto Alegre, da importância do papel da imprensa na prevenção desse tipo de ocorrência. Para ele, é fundamental as pessoas serem informadas do que acontece, principalmente do que poderia ser evitado. Costa afirma que o problema da desinfromação começa na fonte, quando a indústria, muitas vezes, tenta esconder a inofrmação ou a fornece de maneira incompleta, tentando minimizar ou esconder o problema. - É função da mídia achar essa informação. O problema é que essas informações são muito complexas e a mídia acaba por dá-la de forma muito simplista, afirma. A mídia, para o engenheiro que vive na Austrália há quase 20 anos, e que esteve em Porto Alegre a convite da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), às vezes, tenta ser muito sensacionalista, resultando no imediatismo. - Deveria contribuir na prevenção dos problemas. Como por exemplo, vem uma companhia e diz: vamos colocar uma usina nuclear no RS. O que acontece? Muitos dirão que irá aumentar a oferta de emprego, impostos, etc,. Só vamos ver o lado florido da coisa. Não é observado o outro lado, dos perigos, falta investigação, reclama. Para o coordenador do núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul, Juarez Tosi, a maior barreira para o jornalista que tem consciência da problemática ambiental, é a postura adotada pelos veículos de comunicação, que de forma geral, não têm interesse na questão ambiental. - A grande mídia não se interessa pelo meio ambiente, por falta de visão. Há quem diga que seja também por questões econômicas, explica. Costa lembra que a imprensa normalmente só mostra o lado positivo, para depois que acontecem os desastres, mostrar o lado negativo. A solução para chamar a atenção do problema, seria, de acordo com Tosi, investir na especialização do repórter. - No nosso ponto de vista, isso se resolve com a qualificação do jornalista, através de cursos especializados na área. Assim, o repórter pode se impor e enxegar melhor a questão técnica, que envolve conhecimento em outras áreas. Fizemos vários cursos, como esse de acidentes ambientais e o preparatório para Rio 92, lembra. O núcleo de Ecojornalistas têm previsto para o próximo dia 6, a realização de uma palestra sobre Agroecologia. - Queremos fazer todas primeiras terças do mês, debates sobre temas ambientais, infroma. Tosi explica que o papel do jornalista deve ser a prevenção e a conscientização das pessoas, e que de maneira geral, não vem sendo feito pela grande imprensa. - Existem porém, alguns grupos que fazem esse trabalho, principalmente na internet.