O hábito de controlar o uso da água já está incorporado ao dia a dia
das crianças do Centro Educacional Tia Conceição. Torneira pingando ou
aberta além do necessário, por exemplo, não faz parte da rotina dos
alunos. Esta escola de Vassouras, no Rio de Janeiro, ficou tão
comprometida com a preservação e contra o desperdício da água, que o
uniforme dos alunos traz
agora o símbolo da campanha.
“A maioria dos poços domésticos, que eram bem comum, estão secos. Os
brejos foram drenados para construção de casas. Muita gente ainda lava
calçadas ou carros, sem preocupação. Achamos que precisávamos ajudar a
mudar isso”, explica a diretora da escola, Maria da Conceição de
Oliveira.
Com o tema 'A água pode virar lenda', as crianças mobilizam a cidade.
Da distribuição de folhetos à bronca nos adultos. “Não posso nem lavar
mais meu carro com mangueira, que o meu filho reclama”, comentou o pai
de um aluno.
A campanha começou em 2002 e a cada ano ganha mais adesões da população
e de entidades públicas. Os cerca de quatrocentos alunos, matriculados
do maternal ao ensino médio, levam a sério o papel de educar os
adultos. Para a campanha deste ano, os alunos já estão preparando
textos com os professores, que serão lidos pelas próprias crianças em
programas da rádio local.
Pela atuação, o Centro Educacional foi homenageado na edição 2006 do
Prêmio Top Empresarial, na Categoria Prêmio Especial Uso Racional da
Água. O prêmio, em reconhecimento às melhores iniciativas adotadas
pelas micro e pequenas empresas é promovido pelo Sebrae, Grupo Gerdau,
Governo do Estado do Rio e Federação das Indústrias do Estado do Rio de
Janeiro (Firjan).
“Nossa escola não é a primeira em tamanho ou beleza, mas temos como missão formar cidadãos conscientes”, diz a diretora.
A escola é adepta de métodos inovadores e diferenciados. Para
aproveitar a mobilização com a Copa do Mundo, os alunos aprenderam
física trabalhando com conceitos como: ângulos, alcance, altura e
sentido da bola para demonstrar o
movimento dos corpos. O teatro é outro recurso pedagógico que tem dado
certo nas aulas de história, onde os alunos vivenciam os personagens
que estudam e a literatura de cordel é usada tanto para cálculos
matemáticos como para o ensino da língua portuguesa. “Precisamos
estimular os alunos porque estudar é muito chato”, brinca Conceição.
(Por Regina Mamede,
Agência Sebrae, 17/04/2007)