Pouco antes de o Conselho de Segurança da ONU realizar seu primeiro debate sobre o aquecimento global, a ministra britânica das Relações Exteriores, Margaret Beckett, afirmou que as empresas americanas deveriam de investir em tecnologias limpas, sob pena de perder espaço para os europeus. "A tecnologia limpa se transformará em um mercado gigantesco" e na maior oportunidade econômica do século, disse Beckett em um discurso proferido na segunda-feira (16/04), 16, em Nova York, para o grupo BritishAmerican Business Inc.
"Os que ingressarem nesse mercado primeiro - os primeiros projetos, as primeiras patentes, os primeiros a fixar o padrão tecnológico, os primeiros a vender, os primeiros a investir, os primeiros a construir uma marca - têm uma chance sem paralelo de fazer dinheiro", disse a ministra. Chamando a União Européia (UE) de o maior mercado do planeta, Beckett disse que o bloco tinha, por objetivo, se tornar a "primeira economia competitiva do mundo com consumo de energia segura e de pouco dispêndio de carbono".
"Estamos fazendo isso porque acreditamos que esse é o nosso interesse econômico: há um consenso político de que a Europa só conseguirá competir com sucesso, em uma economia globalizada, se aumentarmos nossa segurança energética e se liderarmos o mundo na transição para uma economia de pouco dispêndio de carbono." Beckett, cujo país detém atualmente a presidência do Conselho de Segurança, comandará o encontro desta terça-feira, convocado pelo Reino Unido para convencer os demais países a aceitar a premissa de que as mudanças climáticas representam uma ameaça à segurança internacional.
"As implicações das mudanças climáticas para nossa segurança são mais fundamentais e mais amplas do que qualquer conflito individual", disse a ministra. Mas a questão continua polêmica para muitos governos, entre os quais o dos EUA, que resiste à imposição de metas compulsórias para a diminuição das emissões de gases do efeito estufa, apontados como os responsáveis pelo aquecimento da Terra.
Ministros de vários países devem participar do debate na ONU, entre os quais as Maldivas, um dos 37 Estados que temem desaparecer caso o nível dos oceanos eleve-se muito, devido ao aumento das temperaturas. Mas outros membros da ONU, entre os quais a Rússia, a China e muitos países em desenvolvimento, se perguntam se o Conselho de Segurança é o local ideal para discutir esse tipo de questão. O órgão trata apenas de ameaças à paz e à segurança internacionais.
Segundo alguns, o Conselho de Segurança vem abarcando funções pertencentes a outras agências da organização. "Devido ao local onde isso será debatido, não estamos muito empolgados", afirmou o embaixador da Rússia junto à ONU, Vitaly Churkin. "O Conselho de Segurança não é o lugar certo para o debate. Não realizamos ainda nenhuma votação. Mas não há muito entusiasmo."
(Por Evelyn Leopold,
Reuters, 17/04/2007)