“O espaço normal de habitat dos ursos polares está diminuindo”, comentou em uma entrevista Anatoly A. Kochnev, uma bióloga do Centro de Pesquisa Científica e Pescaria do Pacífico. “Eles vêm em busca de comida na costa, e as principais fontes de alimentos estão onde as pessoas moram”. Se os caçadores puderem caçar ao menos alguns ursos legalmente, de acordo com o raciocínio, eles podem ficar menos tentados a quebrar a lei pela carne do urso, consumida localmente como uma comida ilícita, e pelos milhares de dólares que a pele pode prover.
“É como o ditado russo”, disse Sergei Nomkymyn, um caçador na vila a 120 quilômetros ao norte do Círculo Ártico, que apóia o reinício da caçada legal. “Os lobos não ficarão famintos, e a ovelha permanecerá intacta”. Mesmo assim, continua a dúvida se a nova regra pode realmente reduzir a caça ilegal em um país com notória corrupção e coerção fraca de suas próprias leis ambientais.
Ambas as ameaças aos ursos polares russos – o aquecimento global e a caça ilegal – colocaram Vankarem e outras vilas ao longo da costa remota do nordeste do país no centro dos esforços para garantir a sobrevivência dos animais. O derretimento das geleiras afetou os ursos levando-os para longe de seus recursos naturais de comida. E embora a caça ilegal seja um problema de longa data em uma área onde a caça de ursos já foi um estilo de vida, a perda do habitat natural tornou-a mais fácil.
“Quando eles estão na costa, eles correm o risco de serem mortos”, comentou Kochnev. O número de ursos mortos ilegalmente aqui permanece incerto, dada a natureza clandestina da caça, mas o governo estima que por volta de 100 ursos sejam mortos por ano.
(Por Steven Lee Myers,