Um acordo firmado entre a gaúcha Sil Soluções Ambientais e o fundo Japan Carbon Finance (JCF), de Tóquio, consolidou a primeira operação da América Latina para a venda de créditos de carbono a partir das emissões de gases gerados em aterros sanitários.
O mercado de créditos de carbono é um dos mecanismos do Protocolo de Kyoto pelos quais os países podem comprar direitos de emissão de poluentes de nações em desenvolvimento que, em troca, recebem fundos ou tecnologia para reduzirem suas emissões.
Com o negócio, a Sil deverá buscar junto ao mercado financeiro um empréstimo de R$ 4 milhões e implantar, até o final do ano, no município de Minas do Leão, seu novo sistema de queima de gás metano, um dos responsáveis pelo efeito estufa.
O contrato foi assinado ontem (16/4), em Porto Alegre, entre o presidente da Sil, Carlos Faria, e dois representantes do JCF. O negócio surgiu a partir do interesse dos asiáticos - o Japão é um dos países que mais lançam na atmosfera gases causadores do efeito estufa - em compensar ao ambiente o dano causado naquele lado do mundo.
Embora o Japan Bank for International Cooperation, que administra o fundo japonês, só deva começar a colocar dinheiro na operação a partir de 2009, o contrato servirá como garantia para que a Sil obtenha financiamento destinado à implantação do novo sistema. A instituição financeira que irá entrar no negócio será definida até o fim da semana.
O aterro sanitário da Sil, a 80 quilômetros de Porto Alegre, captura e elimina do ambiente 20% do gás metano resultante da atividade no local. A partir da nova técnica, a Sil deverá, em cinco anos, promover uma redução na emissão de metano equivalente a 600 mil toneladas de dióxido de carbono no meio ambiente e vender os créditos aos japoneses. Com isso, a empresa eliminará cerca de 85% dos gases nocivos gerados pelo aterro.
- Quando o sistema estiver operando, uma entidade certificadora internacional irá fazer a medição do volume de gases que eliminamos. Com o certificado, faremos a venda aos japoneses, em cinco parcelas até 2013 - diz Faria.
A moeda de carbono
> A entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, em fevereiro de 2005, estabelece que países industrializados devem reduzir emissões de gases causadores do efeito estufa entre 2008 e 2012. O tratado permite a esses países financiarem, em outros territórios, projetos que diminuam a poluição. Os efeitos benéficos dessas iniciativas ao ambiente, depois de medidos, serão relatados em um certificado, emitido por um comitê ligado à Organização Nações Unidas e transformados nos chamados créditos de carbono.
> Os créditos poderão ser conquistados por empresas e governos que implantarem projetos em linha com o Protocolo de Kyoto. O interesse das nações desenvolvidas é que esses créditos poderão ser abatidos da cota de emissões máxima que o país pode ter ou serem vendidos a terceiros.
(Zero Hora, 17/04/2007)