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2007-04-17
A Unicamp assinou nesta segunda-feira (16/04) contrato de licenciamento de tecnologia com a BioCamp Indústria e Comércio de Biodiesel Ltda, com sede em Campo Verde, Mato Grosso. Por meio do acordo, a empresa poderá explorar comercialmente, pelo prazo de 20 anos, um catalisador de alto desempenho capaz de transformar gordura animal e óleos vegetais em biodiesel.

A expectativa é que a usina construída pela companhia, que entra em operação no dia 30, produza até 60 milhões de litros do biocombustível ao ano. A produção inicial será de 10 mil litros por dia. Como o contrato não confere exclusividade à BioCamp, a mesma tecnologia deverá ser objeto de novos licenciamentos. “As conversações já estão em andamento. Esperamos firmar outras seis parcerias do gênero”, prevê o agente de parcerias da Agência de Inovação da Unicamp (Inova Unicamp), Uéber Fernandes Rosário. O empreendimento mato-grossense promete trazer importantes ganhos econômicos e sociais para a região.

A tecnologia objeto do contrato de licenciamento com a BioCamp foi desenvolvida pelo professor da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp, Antonio José da Silva Maciel, em parceria com seu aluno de doutorado, Osvaldo Candido Lopes. O docente destaca, porém, que a pesquisa não teria avançado se não tivesse contado com a colaboração de outros professores da Universidade, como Lireny Aparecida Guaraldo Gonçalves e Renato Grimaldi, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), além de Matthieu Tubino e Pedro Faria dos Santos Filho, do Instituto de Química (IQ). “Essa sinergia foi fundamental para a evolução das investigações, bem como para transformar um projeto que estava em escala laboratorial em um aplicável à indústria”, afirma.

Vantagens
O catalisador desenvolvido pelos pesquisadores da Unicamp tem a função de promover o que os especialistas chamam de transesterificação. De maneira simplificada, o processo cumpre as seguintes etapas. Primeiro, é adicionado um álcool simples (etanol, no caso) à matéria-prima. Depois, junta-se à mistura o catalisador. Em seguida, uma reação química quebra a cadeia de carbono da gordura animal ou do óleo vegetal, dando origem a dois produtos nobres distintos: biodiesel e glicerina. Esta última é muito utilizada pelas indústrias farmacêutica e de cosméticos. Segundo o professor Maciel, a tecnologia em questão apresenta duas significativas vantagens sobre os métodos convencionais de produção de biodiesel.

Normalmente, explica o docente, as técnicas disponíveis proporcionam um rendimento inferior a 95%. Ademais, os catalisadores presentes no mercado induzem a formação de resíduos indesejados, como sabão ou emulsão. “No caso do nosso catalisador, isso não ocorre. Além disso, o rendimento obtido nos testes que realizamos ficou na casa dos 99%”, assegura o professor Maciel. Ele lembra que a busca por combustíveis renováveis não é um desafio novo para a ciência. Rudolf Diesel, engenheiro alemão que concebeu o motor à combustão, usava em suas experiências óleo extraído do amendoim. Na Unicamp, as pesquisas em torno dos biocombustíveis remontam praticamente à fundação da Universidade, ocorrida em 1966. Em 1969, por exemplo, o então professor da FEA Leopoldo Hartman publicou um artigo importante sobre transesterificação de óleos vegetais. “Como se vê, temos tradição nesse tipo de estudo”.

Após a transferência da tecnologia do catalisador para o setor produtivo, um dos principais objetivos do professor Maciel é a implantação, na Unicamp, de um laboratório para a certificação de biodiesel. Seria o primeiro do gênero em uma universidade pública paulista. De acordo com ele, a missão do laboratório seria prestar serviços à indústria por meio da análise do biocombustível, mas também teria um forte caráter acadêmico, pois possibilitaria a realização de inúmeras pesquisas. A certificação, diz, asseguraria tanto aos fabricantes quanto aos consumidores a qualidade final do produto. O projeto está sendo formatado e conversações nesse sentido estão sendo mantidas com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

Emprego e renda
Em razão do contrato de licenciamento a ser firmado com a Unicamp, a BioCamp Indústria e Comércio de Biodiesel Ltda ergueu, em tempo recorde, uma usina para a produção de biodiesel considerada modelo em Campo Verde, Mato Grosso. Em menos de um ano, a unidade, que é totalmente automatizada, ficou pronta para entrar em operação.

Os trabalhos de construção da planta contaram com a consultoria do professor Antonio José da Silva Maciel, da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp. Os sócios da empresa não informam qual o montante investido no empreendimento, mas estimam que ele gerará aproximadamente 120 empregos diretos a partir do momento em que as máquinas forem ligadas.

Ainda segundo a BioCamp, a usina também ajudará a impulsionar a agricultura familiar da região. Cerca de 700 famílias de agricultores estarão envolvidas na produção do biodiesel. A empresa doará perto de 100 quilos de pinhão manso para o plantio. Depois, comprará a safra, que servirá de matéria-prima para a geração do biocombustível. Inicialmente, explica o professor Maciel, a produção será feita a partir do óleo de girassol. “Entretanto, a usina poderá se valer de qualquer óleo vegetal, como mamona, soja etc. Poderá aproveitar, inclusive, óleo usado de cozinha. No caso da BioCamp, como um dos sócios é proprietário de frigorífico, um dos principais insumos para a obtenção do biodiesel será o sebo bovino”, informa.

O investimento da BioCamp na produção de biodiesel está alinhado com o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), ação interministerial lançada pelo governo federal em 2005. O objetivo do PNPB, como o próprio nome indica, é implementar de forma sustentável, tanto técnica como economicamente, a produção e a utilização desse biocombustível, com enfoque na inclusão social e no desenvolvimento regional, via geração de emprego e renda. Estimativas preliminares dão conta da formação de um mercado da ordem de R$ 1,2 bilhão por ano no país.

Gestão da inovação
A atuação da Agência de Inovação da Unicamp (Inova Unicamp) foi fundamental para a viabilização do contrato de licenciamento entre a Universidade e a BioCamp, conforme o professor Antonio Antonio José da Silva Maciel. “Sem o trabalho da Inova Unicamp, pesquisas com grande potencial de aplicação correriam o risco de permanecer engavetadas”, analisa. Criada em 2003, a Agência tem por finalidade gerir a política de inovação e da propriedade intelectual da Universidade. Entre suas atribuições estão justamente o apoio e o fortalecimento das parcerias com empresas, órgãos de governo e demais organismos da sociedade.

Desde que começou a funcionar, esse núcleo de inovação já proporcionou a assinatura de 24 contratos de licenciamento de 43 diferentes patentes. Este, destaque-se, é um aspecto fundamental quando o assunto é desenvolvimento tecnológico.

Em geral, não basta patentear um invento. O procedimento, embora indispensável para proteger o direito sobre a descoberta, não assegura por si só que a tecnologia será transformada em produtos ou processos que gerarão riquezas ao país. Para que isso ocorra, é necessário transferir o conhecimento ao setor produtivo, por meio de licenciamentos. A partir daí, sim, o detentor da licença poderá explorá-la comercialmente, o que provavelmente trará benefícios tanto para ele quanto para a sociedade de modo geral. Os contatos com a Inova Unicamp podem ser feitos por meio do site da Agência (www.inova.unicamp.br) ou pelo telefone (19) 3521-2552.
(Por Manuel Alves Filho, Jornal da Unicamp, 16/04/2007)

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