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2007-04-17
Vinte e oito anos depois de iniciado, o "Mundo Sustentável da Riviera de São Lourenço" foi finalmente conluído. No último dia sete de abril, um mega coquetel anunciou o término da última etapa do empreendimento, vendido como um "modelo de urbanização" a ser copiado.

Implantado entre a praia de São Lourenço em Bertioga, litoral norte paulista, e a BR-101 (Rio-Santos), o projeto começou humilde, em 1979, com poucas casas. Mas já naquele tempo, o público-alvo estava escolhido: paulistas cheios da grana e preocupados com segurança e privacidade nas temporadas de veraneio.

Hoje o empreendimento ocupa toda a área natural que existia no passado. Por ser destinada ao descanso de poucos que podem pagar pelo mundo sustentável, sua taxa de ocupação é muito pequena, porém o empreendimento continua a edificar grandes prédios não só por toda a orla marítima, mas também nas ultimas áreas de mata nativa que restaram. "O que existia antes de a Riviera ser construída era a Restinga Florestal, ecossistema altamente ameaçado de extinção e que só existe praticamente em São Paulo", lamenta Daniel Turi, presidente da ONG O Instituto Biosfera para Conservação e Desenvolvimento Sustentável.

Segundo Turi, com a construção do empreendimento toda a restinga litorânea e seu interior até a Rio-Santos foi destruída e "de modelo de urbanização o projeto não tem nada". "Se todo aquele monte de concreto, fosse usado para a habitação de população residente, com certeza seria um ótimo modelo", diz ele. "Os proprietários usam muito pouco suas propriedades por diversos motivos e assim, causa-se grande impacto à natureza na construção e destruição dos ecossistemas para manter apartamentos vazios por quase todo o ano", completa.

Apenas conscientização
O ambientalista conta que a ONG tentou barrar o empreendimento, mas chegou tarde. "Este já é um empreendimento realizado. Nada mais se pode fazer, a não ser conscientizar seus proprietários sobre as melhores práticas ambientais". Ele avisa que, "para os futuros empreendimentos em outras partes de Bertioga estamos atentos para que não se repitam mais os erros do passado". Erros do passado podem ser entendidos, neste caso, como a não –existência da Lei de Crimes Ambientais que exige os Eia-Rimas na época que foi planejado.

"Procuramos por isto e pelo que costa nenhum empreendimento realizado na Riviera de São Lourenço tem EIA-RIMA. Pelo que soubemos não existem", explica.

Apesar de ter iniciada sua construção no fim da década de 1970, só agora se terminou os últimos prédios na canto da praia e nas partes interioranas do mega-empreendimento. "Também querem canalizar um pequeno rio local para fazer uma Marina, mas pelos comentários de locais eles não estão conseguindo licença para isto", relata.

(Por Carlos Matsubara, Ambiente JÁ, 15/04/2007)

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