Desconfiado que as dores de cabeça sentidas pela esposa estavam relacionadas ao uso de agrotóxicos na lavoura de fumo, o agricultor Pedro Alcino Budny resolveu mudar de forma radical o perfil da propriedade de sete hectares situada na Vila Nova, em Içara, Sul do Estado. Assistido pela Epagri, Budny abandonou a lavoura cultivada de forma convencional, apostou na agroecologia, e conquistou espaço nas principais redes de supermercados do Estado.

Isso foi há oito anos. Budny começou pelo morango e depois foi obrigado pela exigência de mercado a diversificar a propriedade com os cultivos de alface americana, beterraba, cenoura, hortaliças, uva milho, entre outros.

- Trabalho com 10 produtos, mas gostaria de cultivar apenas três. Estamos sempre plantando, trabalhando, colhendo e investindo. Não pára nunca - explica o produtor, sobre a rotina da propriedade.

Budny é um exemplo tanto para modificar o perfil das propriedades do Sul do Estado (onde as monoculturas do arroz e do fumo predominam) como para despertar a consciência ecológica do produtor rural. Ao decidir não trabalhar mais com veneno, Budny começou a olhar a natureza de outra forma. Passou a capinar o mato ao invés de queimá-lo com aplicações de agrotóxico.

Essa experiência foi repassada em um encontro promovido pela Epagri e Secretaria de Agricultura de Içara com produtores da região em visita a propriedade de Budny. Para o engenheiro agrônomo da Epagri, Adroaldo Ramos, Budny mostra que a agroecologia é uma alternativa sustentável para a propriedade rural, porque a forma de manejo não esgota o solo, e ainda oferece qualidade de vida para o produtor e o consumidor.

- O modo convencional está com os dias contados e não resolveu os problemas. Pelo contrário, as dificuldades aumentaram - comenta Adroaldo Ramos.

Sistema envolve apenas 80 produtores "abnegados"

De acordo com a Epagri, a agroecologia no Sul do Estado está restrita a 80 produtores "abnegados", e ao trabalho de qualidade realizado pela Associação dos Colonos Ecologistas do Vale do Mampituba (Acevam), que possui 30 associados.

O gerente regional da Epagri, Renato Bez Fontana, garantiu assistência para o produtor que desejar conhecer a alternativa com mais detalhes do que agora:

- Temos estrutura para dar atendimento - completou.

(Diário Catarinense, 16/04/2007)