A poluição do rio Yang Tsé, o mais longo da Ásia, continua aumentando, e 600 quilômetros de seu curso fluvial estão em estado "crítico", de acordo com o primeiro estudo governamental sobre suas condições ambientais, publicado hoje (16/04) pela imprensa estatal. Segundo o estudo, elaborado pela Academia Chinesa de Ciências, a Comissão de Recursos do Yang Tsé, o Ministério de Recursos Hidráulicos e a organização ambientalista WWF, o rio recebe a cada ano 14.200 toneladas de água poluída, o que equivale a 42% do total desaguado em todo o país.
Pesticidas, adubos e vazamentos dos navios de passageiros aparecem entre os principais poluentes, especialmente na zona da represa das Três Gargantas, diz o estudo. Isso está tendo graves conseqüências ambientais, como a extinção de espécies aquáticas, e econômicas, já que atualmente a pesca é quatro vezes menor que há 50 anos. O estudo assinala também que 30% dos afluentes do Yang Tsé estão "gravemente poluídos", entre eles grandes correntes como o Min, o Tuo, o Xiang e o Huangpu, que passa pela cidade de Xangai.
Yang Guishan, um dos coordenadores do estudo, admitiu que o impacto no meio ambiente em alguns trechos do Yang Tsé é "irreversível". O relatório também fala de um possível aumento no futuro dos riscos de desastres naturais por enchentes do rio, que atualmente já é responsável por mais de 70% das inundações que o país sofre a cada ano. Embora a represa das Três Gargantas, o maior projeto hidráulico do mundo, tenha diminuído os riscos de inundação no curso médio do Yang Tsé, o perigo continua no curso baixo, destacou.
"O controle das inundações continua sendo uma tarefa árdua no Yang Tsé, levando em conta o aumento das temperaturas e os freqüentes casos de clima extremo registrados nos últimos 50 anos", afirmou o especialista, citado pelo jornal "China Daily". As piores inundações do Yang Tsé nos últimos anos, ocorridas em 1998, causaram mais de quatro mil mortes.
(Efe, 16/04/2007)