Pendurado por delicados fios metálicos no átrio do principal museu científico de Tóquio, um globo de 15 toneladas oferece uma chocante ilustração dos efeitos do aquecimento global.
Sobre a gigantesca bola - a única do mundo em sua espécie -, um milhão de diodos luminosos reproduzem o atual estado dos mares e da cobertura de nuvens, a partir de dados enviados regularmente por cinco satélites meteorológicos que cobrem todo o mundo.
Duas vezes por dia, o planeta azul fica vermelho para mostrar como as temperaturas globais já subiram ou vão subir entre 1900 e 2100, enquanto os funcionários do Miraikan (Museu Nacional de Tecnologia e Ciência Emergente) explicam a causa e os efeitos do aquecimento global.
"Isso é o que os cientistas previram", disse Yasushi Ikebe, coordenador científico do museu. "Esta simulação se baseia em dados coletados por pesquisadores em campo, e calculados instantaneamente para criar este quadro chocante do nosso futuro", acrescentou. "Será tarde demais para fazer algo, quando realmente começarmos a ver os efeitos."
O Japão é o quinto maior poluidor do mundo, e assim como outros países industrializados está sendo pressionado a agir contra o aquecimento global.
No museu, o globo inicialmente fica escuro, refletindo as temperaturas de 1901. Então começam a piscar luzes rosa em vários continentes, e tudo então se clareia gradualmente até que toda a superfície da terra fique em vermelho vivo, amarelo e branco, uma projeção para 2100.
Os pólos norte e sul ficam especialmente brilhantes, ilustrando a maior alteração climática.
Funcionários do museu admitem que o caráter técnico da exposição muitas vezes não é compreendido pelas crianças, que representam a maioria dos visitantes.
Mas a explicação de 20 minutos em idioma japonês, cheia de termos técnicos e referências ao dióxido de carbono, deixa marcas em alguns visitantes mais velhos.
"Não acho que eu tenha apreciado plenamente a sensação de crise a respeito do aquecimento global, mas uma exibição visualmente abrangente como esta me deu o que pensar, e me motivou a fazer alguma coisa a partir de amanhã", disse Shinya Sasaki, 23 anos.
Os japoneses já sentem na pele o aquecimento, pois o inverno recém-terminado foi o mais quente já registrado, com precipitações de neve bem abaixo do normal.
A partir de junho, o museu inaugura outra exibição sobre as mudanças climáticas e o esgotamento de recursos na Ásia.
Mas o local também quer passar uma mensagem de esperança: a exibição vai se concentrar em explorar soluções científicas e tecnológicas às ameaças climáticas.
"Precisamos aceitar que, enquanto vivermos na Terra, haverá mudança climática", disse Sasaki. "Acho que o que precisamos fazer, a sociedade como um todo, é encontrar formas de viver em harmonia com este ambiente."
(
Ambiente Brasil, com informações de Reuters/ Estadão, 14/04/2007)