O governo iraniano anunciou planos para a construção de duas novas usinas de energia atômica, a despeito das pressões internacionais para que o país contenha seu programa nuclear.
O vice-chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, Ahmad Fayyazbakhsh, disse que as usinas usariam a tecnologia de água leve, com reatores capazes de gerar até 1.600 megawatts.
Cada instalação consumirá até US$ 1,7 bilhão (mais de R$ 3 bilhões) e 11 anos de trabalho, disse ele a jornalistas. O Irã se vê envolvido numa disputa com a Rússia, sobre o financiamento de sua primeira usina nuclear, nos arredores da cidade de Bushehr.
A Rússia adiou a inauguração de Bushehr, prevista para setembro, e se recusou, em março, a enviar o urânio necessário para alimentar a instalação, alegando que o Irã está atrasado nos pagamentos. Autoridades iranianas negam que haja atrasos nos pagamentos, e acusa o governo russo de ceder a pressões ocidentais.
O Irã já está construindo um reator de água pesada, desenvolvido com tecnologia nacional, em Arak, na região central do país. Uma outra usina está prevista para Darkhovin, no sudoeste.
Fayyazbakhsh disse que as novas instalações serão construídas perto de Bushehr. Ele afirmou, ainda, que pretende viajar para a Rússia, a fim de reduzir as tensões e colocar o plano da usina original de volta nos trilhos.
Os Estados Unidos e alguns de seus aliados acusam o governo iraniano de estar em busca de armas nucleares - uma acusação que o país nega. O Irã insiste no direito de desenvolver o enriquecimento de urânio - processo que pode dar origem a combustível para usinas, mas também criar explosivos atômicos - e vem avançando no domínio dessa tecnologia em uma instalação da cidade de Natanz.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou novas sanções ao Irã, como parte de um segundo conjunto de punições contra Teerã, por sua recusa em suspender o enriquecimento.
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O Estado de S. Paulo, com informações da Associated Press, 15/04/2006)