Para a conselheira da Fundação Gaia Lilly Lutzenberger, o alerta das Nações Unidas sobre o aquecimento global vem ao encontro dos estudos realizados há mais de 20 anos por seu pai, o ambientalista e criador da fundação, José Lutzenberger. "O quadro é horrível, mas é algo que tínhamos conhecimento", diz ela, lembrando que os governos precisam modificar sua filosofia de desenvolvimento de modo a não utilizar os recursos não-renováveis de maneira irrecuperável.
Lilly salienta que as modificações na natureza não são registradas de forma gradual, mas cada vez mais rápida. "O buraco na camada de ozônio é um exemplo. Quando o problema foi constatado, já estava em larga escala", observa. Para a coordenadora do Núcleo Amigos da Terra Brasil, Lúcia Ortiz, o relatório mostra as graves conseqüências das modificações climáticas e essas não podem ser ignoradas pela população de todo o mundo.
"As nações mais desenvolvidas precisam assumir suas responsabilidades, como transferir recursos e auxiliar os países pobres a ter um desenvolvimento sustentável e estar em condições de se adaptar às conseqüências climáticas", observa. Lúcia lamenta que o Brasil esteja na quarta posição entre as nações que mais emitem gases, mas comenta que a questão do aquecimento pode ser abortada com atitudes diárias, como trocar os veículos poluentes pelas bicicletas. De acordo com o secretário municipal do Meio Ambiente, Beto Moesch, o relatório da ONU reforçou os alertas feitos pelos ambientalistas há décadas.
O secretário salienta que, entre os efeitos visíveis do aquecimento, estão o fato de a água dos mares estar mais ácida e os corais perderem sua cor original. Para Moesch, o problema envolve indivíduos, empresas, comunidades e governos.
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Correio do Povo, 15/04/2007)