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2007-04-16
O alerta feito pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os efeitos do aquecimento global assusta, mas não surpreende ambientalistas gaúchos. Pelo documento, que reuniu informações coletadas por 2,5 mil cientistas de 130 países e que foi divulgado em Bruxelas no início deste mês, o clima mundial poderá fazer com que milhões de pessoas deixem suas regiões devido às secas e doenças provocadas pelo aumento da temperatura global.

Para o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Carlos Nobre, o relatório demonstra avanços nos sistemas de análise das alterações climáticas em relação ao anterior, divulgado em 2001.

Nobre, que integrou o Grupo de Trabalho sobre Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade, ressalta que o estudo mostrou, com maior precisão, as espécies que podem desaparecer, quais as comunidades que terão maior dificuldade de acesso à água e a necessidade da remoção de gases no planeta. O Brasil está atrasado na elaboração de políticas públicas destinadas à adaptação das comunidades aos impactos causados pelas mudanças na temperatura, diz ele. "O governo federal precisa investir na criação de um mapa nacional sobre a vulnerabilidade do país", sugere. Nobre cita as características diferentes nos mais de 8 mil quilômetros do Litoral brasileiro.

Cada região necessita de um levantamento diferenciado, visando melhor aproveitamento dos recursos costeiros. De acordo com o coordenador da Campanha de Clima da ONG Greenpeace, Luis Piva, a radiografia do clima mostrada no relatório da ONU já era esperada e é fruto da revolução industrial nos últimos dois séculos."'Antigamente, os cientistas apontavam cenários para daqui a 100 anos. Hoje, os impactos já são medidos para daqui a 10 ou 20 anos", salientou Piva.

Ele observa que o maior causador desse desequilíbrio é a queima de combustíveis fósseis causada pelos meios de transporte e sugere que as nações implementem medidas de desenvolvimento sustentável e preservação da matriz energética limpa. Segundo estudo recente, citou Piva, o custo da inatividade diante do problema equivale a um valor entre 5% e 20% do PIB mundial. Se algumas atitudes forem tomadas, esse custo cairia para apenas 1%.
(Por Elio Bandeira, Correio do povo, 15/04/2007)
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