"Acho que há bons prospectos para cooperação, claro, dentro dos acordos de segurança estabelecidos. O Brasil é muito consciente disso", disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em entrevista coletiva na capital indiana, depois da terceira reunião da Comissão Conjunta Brasil-Índia.
Ele disse que uma missão da comissão brasileira de energia nuclear deve visitar o país em breve para estudar maneiras de intensificar esta cooperação.
Amorim passou a semana na Índia, em conversas bilaterais com o governo indiano e em negociações com outros países em relação à Rodada de Doha.
A Índia fez um acordo com os Estados Unidos no ano passado que permite que o país adquira combustível nuclear dos americanos para seus reatores pela primeira vez em 30 anos. O acordo foi fechado em março pelo Executivo, mas só foi aprovado em dezembro pelo Congresso.
Para entrar em vigor, o acordo também precisa ser aceito pelo Grupo de Supridores Nucleares (NSG na sigla em inglês), organização de 44 países que têm como objetivo prevenir a proliferação de armas nucleares por meio de controles de exportação de materiais e tecnologia.
A entidade é atualmente presidida pelo Brasil e estimula o uso pacífico da tecnologia.
A Índia não é signatária do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
Na visita que fez ao Brasil em setembro do ano passado, o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, tratou do assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O comunicado conjunto assinado por Amorim e pelo vice-ministro indiano de Relações Exteriores, Anand Sharma, também estabelece o compromisso de trabalhar juntos para criar um mercado internacional para o etanol.
Segundo o documento, "para reduzir a dependência internacional de combustíveis fósseis e favorecer o uso de energias limpas".
Os dois países também discutiram a cooperação no G-4, grupo integrado também por Japão e Alemanha com o objetivo de atuar em conjunto para conseguir a reforma do Conselho de Segurança da ONU.
"Eu vejo que o processo está avançando. Vejo o processo em Nova York chegando perto de uma fase de negociações, o que não acontecia antes", afirmou o ministro Celso Amorim em entrevista coletiva em Nova Déli.
Brasil e Índia ainda reafirmaram, no comunicado conjunto, o compromisso de continuar trabalhando juntos no G20 para tentar completar a Rodada de Doha da OMC (Organização Mundial do Comércio).
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Folha de S. Paulo,
EFE 13/04/2007)