O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem até as 15h de terça-feira (17/4) para desocupar o Parque Municipal Eglon Meyer Corrêa, em São Gabriel. O prazo foi determinado ontem pela Justiça, atendendo a um pedido de reintegração de posse feito pela prefeitura. Cerca de 350 sem-terra, acampados no parque desde quarta-feira, fizeram ontem uma marcha até a Praça Fernando Abbott, no Centro. O MST quer que o governo desaproprie parte da Fazenda Southall, para fazer assentamentos.
O juiz da 2ª Vara Cível de São Gabriel, Eduardo Furian Pontes, concedeu liminar, ontem à tarde, estipulando prazo para que os sem-terra deixem voluntariamente o parque, que tem 4,9 hectares. Se a medida não for cumprida, a Brigada Militar (BM) está autorizada a fazer a retirada.
Na manhã de ontem, o MST fez mais uma marcha na cidade - a atividade faz parte de uma série de mobilizações dos sem-terra iniciadas quarta-feira em todo o país, no chamado Abril Vermelho. Os sem-terra caminharam cerca de três quilômetros até o Banco do Brasil.
A movimentação dos sem-terra foi acompanhada pela BM e por ruralistas, que temem invasões de terras na cidade. Apesar do clima tenso, não houve confronto.
Representantes do MST fizeram duas reuniões com a gerência do Banco do Brasil. Os sem-terra alegam que o dono da Fazenda Southall, Alfredo Southall, tem dívidas com o banco e com a União e queriam saber como estão os processos de cobrança.
O banco teria apenas dito que as informações que os sem-terra pedem podem ser encontradas no Fórum. Com isso, os manifestantes voltaram para o parque, no início da tarde. Eles pretendem fazer uma nova marcha hoje até o Fórum. O advogado do MST, Guilherme Nascimento Abib, têm reunião marcada com o juiz Pontes.
Batalhão Ambiental pediu retirada de algumas barracas
No final da tarde de ontem, policiais do Batalhão Ambiental da BM estiveram no parque. Eles exigiram a retirada de algumas barracas que estavam montadas em uma Área de Preservação Permanente (APP). Uma equipe da BM está monitorando o acampamento. Os ruralistas também têm um posto de vigilância perto do local.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) divulgou um laudo, no final de março, dizendo que a Fazenda Southall pode ser desapropriada por não respeitar leis ambientais. O laudo é questionado administrativamente no Incra pelo dono das terras.
(Por Matheus Beust, Diário de Santa Maria, 13/04/2007)