O motivo não é só a safra pequena, mas também o fato de que os fazendeiros preferem vender a cevada para empresas que usam os grãos como matéria-prima para produzir energia. A cevada fornece o malte para a cerveja, mas também pode ser fermentada para produzir biogás ou queimada em usinas termo-elétricas para gerar eletricidade.
Subsídios
Segundo o diretor da associação alemã dos fabricantes de cerveja, Peter Hahn, a indústria paga cerca de 700 euros (cerca de 1.900 reais) por hectare de cevada. As usinas pagam quase o dobro.“Tudo indica que isso logo, logo afetará o preço do produto final – a cerveja”, diz Hahn. Ele reclama que o governo alemão subsidia a produção de usinas termo-elétricas e de biogás, o que desestabiliza o mercado. “O contribuinte acaba pagando em dobro – através das verbas públicas direcionadas para os subsídios e também do preço mais alto da cerveja”, diz ele.
Efeito na tortilha
Analistas prevêem que o setor de biocombustíveis vai competir cada vez mais com a produção de alimentos no futuro. Esse efeito já está sendo sentido no México, onde o preço da tortilha, alimento básico da população, subiu por causa do crescente uso de milho na produção de etanol. As cervejarias alemãs produziram um total de 108 milhões de hectolitros da bebida em 2006.
(Por Marcelo Crescenti, Deutsche Welle, 12/04/2007)