O Grupo de Monitoramento dos Impactos del Plan Colombia en Ecuador (GCM), está lançando denúncia sobre o uso de substâncias tóxicas na agricultura, com a prática de fumegações, realizadas pelo governo e pelo Exército de seu país, no município colombiano de San Miguel, localizado no departamento fronteiriço de Putumayo. De acordo com o grupo, isto está provocando a retirada de habitantes campesinos para a capital de Putumayo desde o final do mês passado.
A informação foi enviada pela especialista em meio ambiente Dra. Aura María Puyana. Ela é integrante do Grupo de Investigação Científica "Defensa de Parques Naturales de Colombia".
O GCM sugere às autoridades diplomáticas equatorianas investigar e demandar informação do governo da Colômbia acerca dessas fumegações denunciadas por povoadores e organizações sociais putamayenses, e se existiu alguma relação entre essas fumigações e o ingresso de mais refugiados colombianos na última semana de março, informação que deve ser dada pelo Corpo Diplomático.
Comunicado de camponeses do município de San Miguel, Putumayo
"Desde o passado 20 de março as camponesas e os camponeses de San Miguel fomos deslocados para a periferia da cidade devido à crise humanitária gerada pela fumegação nos cultivos de pan coger e a erradicação forçada dos cultivos de coca, que atualmente se constituem na única possibilidade de sustento para nossas famílias.
Manifestamos que a única motivação para esta mobilização é a crise a que fazemos referência e que não estamos sendo pressionados ou convocados por nenhum grupo armado a margem da lei, pelo exposto, responsabilizamos o governo nacional pela segurança dos e das camponesas líderes e participantes nesta mobilização.
Nesta data se completam oito dias da mobilização, a qual começou com cerca de 50 pessoas e, a medida que se foi apresentando a fumegação nas diferentes veredas, as campesinas e os campesinos nos vimos na obrigação de nos juntarmos à mobilização.
No dia 26 de março, decidimos fazer uma marcha pacífica pela ruas de La Dorada, com a participação de mais de três mil camponeses e camponesas com a finalidade de mostrar a uma comissão do governo nacional que não esteve presente na periferia urbana, a grave situação de fome em que estão vivendo as nossas famílias.
Ante a indiferença do governo nacional, em 27 de março nos declaramos em mobilização permanente enquanto uma delegação do governo não se apresentar, com condições para tomar decisões frente a dois pontos fundamentais:
1. Solução imediata para a crise humanitária gerada pela fumegação nos cultivos de pan coger e erradicação forçada de cultivos de coca.
2. Definir e implementar imediatamente uma estratégia de reconversão econômica para San Miguel, que deve contemplar o acordo entre a comunidade campesina e o governo Nacional para um Plano de Desenvolvimento Rural Alternativo construido para a região e por seus habitantes, no qual o principal objetivo seja a substituição gradual manual e voluntária dos cultivos de uso ilícito.
Comunidad Fronteriza Campesina Movilizada de San Miguel, Putumayo."
(
Adital, com informações de APDH del Ecuador)