Na próxima terça-feira (17/04), as Comissões de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle (CMA), Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e Infra-Estrutura (CI) do Senado realizam audiência pública para discutir fontes alternativas de energia, especialmente as consideradas limpas, a exemplo da eólica.
A iniciativa da audiência foi do senador Inácio Arruda (PCdoB/CE). "A expectativa é que o Senado discuta essa matéria e, com isso, a mesma ganhe a atenção da sociedade para um problema onde o Brasil pode trazer grandes inovações", disse ele a AmbienteBrasil.
Os últimos relatórios da ONU que apontam para as conseqüências desastrosas do aquecimento global funcionaram como a força-motriz da proposta. "Além do que, o Estado de onde venho, o Ceará, convive há séculos com problemas de ordem climática, gerando inúmeras dificuldades para sobrevivência", completa o senador.
Inácio Arruda é autor do projeto que cria a Política Nacional de Combate à Desertificação, um problema que ameaça 11,5 % do território nacional, gerando perdas ambientais e econômicas expressivas. Também faz parte da Comissão Mista Especial que acompanha, monitora e fiscaliza as ações referentes às mudanças climáticas no Congresso. Nela, apresentou requerimento de audiência pública convidando a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a que exponha aos parlamentares da Comissão as ações governamentais frente aos efeitos das mudanças climáticas para a biodiversidade brasileira.
Outro requerimento de audiência pública de sua autoria convida o geógrafo da USP Aziz Ab´Saber, que se dedica há décadas a investigar fenômenos relacionados com a ecologia urbana e a proteção da biodiversidade, para discorrer sobre o impacto da nova realidade climática nos biomas brasileiros.
Agora, ao se debruçar sobre as fontes limpas de energia, o Senado faz um saudável contraponto ao encantamento governamental em relação ao etanol, alternativa que já vem suscitando polêmicas, sobretudo diante de seus impactos ambientais e da exploração de mão-de-obra - inclusive escrava -, constantemente associada aos canaviais.
O debate de terça-feira deve contar com a presença de Márcio Pereira Zimmermann, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia; Luiz Antonio Rodrigues Elias, secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia; Jerson Kelman, diretor geral da ANEEL; Adão Linhares Muniz, presidente da ABEE - Associação Brasileira de Energia Eólica -; e Haroldo Borges Rodrigues Lima, diretor geral da ANP - Agência Nacional do Petróleo.
“Onde estão as travas que impedem que a energia limpa se desenvolva com mais rapidez? Vamos localizar e destravar, apontar para o Governo brasileiro onde estão os obstáculos e construir um caminho alternativo. Senão a gente fica só na constatação de que existe o aquecimento global, mas não se resolve o problema”, argumenta Inácio Arruda.
Custo da Energia EólicaO portal do Centro Brasileiro de Energia Eólica - CBEE -, entidade com sede na Universidade Federal de Pernambuco, diz que considerando o grande potencial eólico existente no Brasil, confirmado através de medidas de vento precisas realizadas recentemente, é possível produzir eletricidade a custos competitivos com centrais termoelétricas, nucleares e hidroelétricas. "Análises dos recursos eólicos medidos em vários locais do Brasil, mostram a possibilidade de geração elétrica com custos da ordem de US$ 70 - US$ 80 por MWh".
Ainda segundo o CBEE, de acordo com estudos da Eletrobras, o custo da energia elétrica gerada através de novas usinas hidroelétricas construídas na região amazônica será bem mais alto que os custos das usinas implantadas até hoje. Quase 70% dos projetos possíveis deverão ter custos de geração maiores do que a energia gerada por turbinas eólicas. "Outra vantagem das centrais eólicas em relação às usinas hidroelétricas é que quase toda a área ocupada pela central eólica pode ser utilizada (para agricultura, pecuária, etc.) ou preservada como habitat natural", informa o portal.
Registre-se que as fazendas eólicas não são totalmente desprovidas de impactos ambientais. Elas alteram paisagens com suas torres e hélices, podem ameaçar pássaros se forem instaladas em rotas de migração e causar interferência na transmissão de sinais televisivos. Um preço baixo a se pagar.
(Por Mônica Pinto /
AmbienteBrasil, 12/04/2007)