O Governo da Indonésia apelou aos consumidores de todo o mundo para que deixem de comprar produtos feitos com madeira abatida ilegalmente e defendeu que os países ricos devem pagar aos mais pobres a preservação das florestas, no âmbito do combate às alterações climáticas. Todos os anos, estimam os ambientalistas, o abate ilegal devasta 2,1 milhões de hectares de floresta indonésia, um negócio avaliado em quatro mil milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros).
"Quero apelar aos cidadãos de todo o mundo para que tenham atenção ao certificado", disse o ministro do Ambiente local, Rachmat Witoelar, lembrando que já existem sistemas que permitem distinguir a madeira ilegal da madeira certificada. Um relatório divulgado no mês passado pela Agência de Investigação Ambiental e pela organização Telapak, com sede na Indonésia, revela que a Malásia e a China são os maiores destinos de madeira roubada da Indonésia.
O ministro falava numa conferência de imprensa conjunta com o ministro australiano do Ambiente, Malcolm Turnbull, que foi a Jacarta debater o fundo apoiado pelo Banco Mundial para integrar a protecção das florestas no combate às alterações climáticas. A Austrália, que rejeitou a ratificação do Protocolo de Quioto, pretende contribuir para esse fundo com 161 milhões de dólares (120 milhões de euros) em cinco anos, a maior parte a investir na Indonésia.
Ainda estão a ser analisados os programas que serão financiados, mas já se sabe que poderão incluir operações de reflorestação e monitorização de satélite do abate ilegal. A Indonésia vai propor na conferência da ONU sobre alterações climáticas, a realizar em Bali, em Dezembro, a ideia de que os países ricos devem pagar às nações em desenvolvimento pela preservação das florestas.
O ministro australiano é da opinião de que as florestas devem estar no topo da agenda do encontro em Bali. "A questão das florestas tem sido negligenciada pelos mecanismos de Quioto. Isso é algo que temos de corrigir em Bali", afirmou. Turnbull acrescentou que muitos países que ratificaram Quioto não vão conseguir cumprir as suas metas de redução de emissões poluentes e que a Austrália vai cumprir as suas metas sem ter ratificado esse protocolo.
(Reuters, 09/04/2007)