As cinco ondas de calor que afetaram Portugal em 2006 provocaram a morte de 1.259 pessoas, a maioria com idades superiores a 75 anos, informou nesta quarta-feira a Direção Geral de Saúde (DGS) do país. Segundo o relatório do órgão, o verão de 2006 foi o quinto mais quente em Portugal desde 1931. Entre 24 de maio e 9 de setembro do último ano foram registradas cinco ondas de calor, das quais a onda que foi de 7 a 18 de julho foi considerada a mais severa.
Esta onda só é comparável a uma elevação das temperaturas que ocorreu no país em julho de 1941, de acordo com o documento. A DGS afirma que durante as ondas de calor os serviços de urgência dos hospitais e centros de saúde atenderam 28.893 pessoas, um aumento de 12,5% em relação aos anos anteriores. Apenas entre 7 e 17 de julho, os escritórios de Registro Civil registraram 1.123 mortes, das quais 898 foram de pessoas com idades iguais ou superiores a 75 anos.
Europa
As ondas de calor serão cada vez mais freqüentes na Europa até o ponto em que deverão acontecer a cada dois anos (por volta do final do século), afirmaram nesta quarta-feira especialistas em mudança climática no continente. O sul e as regiões ocidentais da França, Alemanha e Suíça serão as mais afetadas, segundo os especialistas.
A intensidade das ondas de calor será no mínimo similar a do verão de 2003, quando as temperaturas aumentaram entre três e cinco graus centígrados na Europa central e do sul. Martin Beniston, especialista da Universidade de Genebra, disse acreditar que o aumento da temperatura poderá ser ainda maior.
O cientista participou das pesquisas para elaboração do relatório do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) que foi apresentado na semana passada em Bruxelas e aborda os efeitos e as possíveis adaptações a esse fenômeno.
Perigos
Para ilustrar a magnitude das mudanças, Beniston mencionou um estudo realizado na cidade suíça da Basiléia, onde o período entre 1961 e 1990 só registrou temperaturas acima de 35ºC um ou dois dias por década. Agora, os modelos apontam que no futuro a cidade terá temperaturas mais altas do que 35ºC por dez a 14 dias por ano.
Ao apresentar em Genebra os principais fatores de vulnerabilidade na Europa, Andreas Fischlin, que também contribuiu para o relatório, alertou ainda para o perigo que prevê para as zonas costeiras devido à subida do nível do mar, que a cada ano poderá afetar 2,5 milhões de pessoas. O país mais vulnerável é a Holanda, disse Fischlin, que também previu problemas na Itália e na Espanha.
(Folha Online, com informações da Efe, 11/04/2007)