O subdiretor do Departamento de Análise do FMI, Charles Collyns, ressaltou a preocupação do organismo durante a entrevista coletiva de apresentação do estudo, com publicação semestral. “Estamos um pouco preocupados, porque, nos países desenvolvidos, tende-se a ver os combustíveis biológicos como uma solução rápida para reduzir a dependência aos hidrocarbonetos”, disse. Os Estados Unidos pretendem dobrar o consumo de etanol em 2017, e para isso precisará aumentar em 30% a produção de milho nos próximos cinco anos.
Na União Européia, 10% dos combustíveis para o transporte devem ser obtidos de matéria vegetal até 2020, e com isso os países-membros do bloco terão que destinar 18% de suas terras cultiváveis para a produção de biocombustíveis. Collyns, especialista sobre o Brasil - segundo produtor mundial de etanol, depois dos EUA -, disse que essas metas são "muito ambiciosas" e que o uso das plantações para combustível elevará o preço dos alimentos no mundo todo.
Precisamente, o FMI previu altas dos preços da soja, o trigo e o milho. O funcionário pediu que os Estados Unidos e a Europa reduzissem as tarifas sobre o etanol produzido no Brasil e nos países tropicais a partir da cana-de-açúcar, processo que é mais barato do que com o milho ou a beterraba como matéria-prima.
O FMI também questionou o fato de os Governos concederem altos subsídios que beneficiam mais os produtores do que o meio ambiente. A longo prazo, o futuro deste tipo de combustível dependerá da descoberta de novas tecnologias que permitam destilar etanol a partir de resíduos vegetais, segundo o FMI.
(Efe, 11/04/2007)