Discutir e localizar as necessidades do litoral norte do Estado de São Paulo em relação aos temas estratégicos e prioritários da Agenda 21 - acordo assumido durante a Rio-92 para sistematizar um programa de ações, diretrizes e princípios para o desenvolvimento sustentável - é um dos objetivos da terceira reunião da Agenda 21 do Litoral Norte - Integrar e Mobilizar que acontece nesta sexta-feira (13/04) em São Sebastião.
Para isso, o evento pretende debater assuntos como redução das desigualdades sociais, educação ambiental, saúde, geração de renda e turismo e, segundo Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico (IO) da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da reunião, permitir a comunidade local refletir sobre os pontos prioritários da região onde vivem. Nesse encontro, o tema tratado será a redução das desigualdades sociais. As reuniões passadas foram sobre a gestão dos recursos naturais e atividades econômicas do setor privado. Já as restantes tratarão de cidades sustentáveis, infraestrutura e integração nacional e ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável.
A Agenda 21 do litoral norte de São Paulo, região que engloba as cidades de Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela e Ubatuba, está inserida em um amplo programa que busca definir a Agenda 21 nacional com base em suas vertentes regionais. De acordo com Alexander Turra, o evento geralmente tem um quorum de 40 a 50 pessoas que participam das oficinas, mas a riqueza da reunião está em “permitir uma discussão na região, que é um momento que não existe todo dia na comunidade - refletir sobre esses temas. O público participante pode aproveitar os conceitos discutidos e solucionados durante as atividades para pôr em prática no seu dia-a-dia”.
Entre as atividades que compõem o evento estão as oficinas. Elas são dinâmicas e começam com a exposição de um especialista falando sobre o tema em debate. Em seguida, os presentes são estimulados a, através de discussões, refletir sobre de que maneira o que foi exposto pode ajudar a solucionar os problemas prioritários da região.“Durante o evento são apresentadas alternativas para geração de renda através do artesanato, oficinas artísticas, hortas comunitárias, processamento do pescado, enfim, várias outras iniciativas que podem gerar ou acrescer as rendas das pessoas que vivem na região”, explica o coordenador.
Conforme evidência Alexandre, “a idéia não é levar um conhecimento, é produzir um conhecimento a partir da vivência que as pessoas da região têm, a partir das coisas que dizem respeito ao dia-a-dia deles, e discutir as questões locais”. Para o coordenador do evento, essa oportunidade nada mais é do que a valorização das vivencias locais. “Isso é fundamental para esse tipo de evento, para que a população local possa refletir sobre a vida deles e pensar em soluções para seus problemas”, finaliza.
O evento aberto a todos os interessados, sejam eles moradores do litoral norte ou não, será realizado na Escola Municipal Henrique Botelho, que fica na Alameda Jundiaí 366, Porto Grande, São Sebastião, SP.
Histórico
A Agenda 21 é um documento que evidenciou a importância dos países se comprometerem com a reflexão, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no busca de soluções para os problemas socioambientais.
No Brasil, as discussões são coordenadas pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional (CPDS). Com a Agenda 21 criou-se um instrumento aprovado internacionalmente, que tornou possível repensar o planejamento. Esse documento se constitui num instrumento de reconversão da sociedade industrial, que exige a reinterpretação do conceito de progresso, contemplando maior harmonia e equilíbrio holístico entre o todo e as partes, promovendo a qualidade, não apenas a quantidade do crescimento.
As ações prioritárias da Agenda 21 brasileira são os programas de inclusão social (com o acesso de toda a população à educação, saúde e distribuição de renda), a sustentabilidade urbana e rural, a preservação dos recursos naturais e minerais e a ética política para o planejamento rumo ao desenvolvimento sustentável.
Esse documento pretende também um planejamento de sistemas de produção e consumo sustentáveis contra a cultura do desperdício. A Agenda 21 é um plano de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente.
(Por Verónica Oliveira, USP online, 11/04/2007)