A ministra Marina Silva afirmou ontem (11/04) que o mundo já está vivendo sob o efeito das mudanças climáticas, sendo a atividade humana responsável, em boa parte, pela aceleração do aquecimento global. "São verdades que já não há mais como esconder. Pela primeira vez, talvez, ocorra um certo 'estranhamento' entre o homem e sua obra", disse, ao proferir palestra sobre o tema Mudanças Climáticas e seus Impactos na Saúde, na aula inaugural na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), na Fiocruz, no Rio de Janeiro.
Marina Silva disse que o Brasil está contribuindo em vários aspectos para enfrentar o problema das mudanças climáticas. Porém, segundo ela, será necessário o esforço global entre os países. "Se o Brasil reduzir em 100% nossas emissões de carbono na atmosfera e os países ricos não o fizerem, nós seremos afetados igualmente. Se o esforço não for conjunto, não temos como responder ao problema", alertou. No caso brasileiro, a ministra lembrou a redução de 52% na taxa do desmatamento na Amazônia obtida nos últimos dois anos. "Com isso, evitou-se o lançamento de 430 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, o que representa 15% de tudo o que os países ricos teriam que reduzir neste período".
Marina Silva falou sobre a proposta apresentada pelo Brasil na Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas, que prevê incentivos positivos aos países que reduzirem o desmatamento e as emissões de CO2. "Se essa proposta já tivesse sido aprovada pela Convenção, nossa redução teria trazido para o Brasil mais de 800 milhões de dólares em ajuda externa para podermos investir no combate ao desmatamento e em outras áreas ambientais do País", disse.
A ministra citou um conjunto de oito estudos técnico-científicos, encomendados pelo Ministério do Meio Ambiente, em 2003. Apresentado em fevereiro deste ano, os estudos investigaram o clima no Brasil no último século e fizeram previsões de mudanças climáticas para os próximos 100 anos e sua repercussão na biodiversidade da Amazônia, Pantanal, Ilha dos Patos (Rio Grande do Sul), na Caatinga, entre outros biomas brasileiros. Conforme a ministra, a pesquisa é integrada às ações do MMA, com vistas a preparar o governo para lidar com o fenômeno das mudanças climáticas.
Em sua palestra, Marina Silva mencionou os efeitos nocivos do aquecimento global previstos pelos estudos. Segundo eles, o fenômeno pode aumentar a incidência de doenças como malária e dengue mesmo em países desenvolvidos. Ela sugeriu uma aliança entre os saberes técnico-científico e o popular narrativo para enfrentar as mudanças climáticas e suas conseqüências. Para ela, a junção desses saberes contribuirá para a adaptação e o enfrentamento das vulnerabilidades, "sobretudo para mitigar os problemas".
(MMA, 11/04/2007)