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2007-04-11
O professor de história da cultura na Universidade de Cambridge, o inglês Peter Burke, cita entre as principais influências culturais do Brasil para a globalização as telenovelas e a música. “Há a exportação desses produtos com muito êxito em diversas partes do mundo. Por outro lado a influência do país nas ciências sociais é quase nula. Na Inglaterra, por exemplo, ninguém conhece o nome de um intelectual brasileiro. Mesmo Fernando Henrique Cardoso é desconhecido”.

Burke, um dos mais conceituados especialistas em Idade Moderna européia e também em assuntos da atualidade, concedeu entrevista coletiva na tarde de terça-feira (10/04/2007), no Salão de Atos da UFRGS. Durante quarenta minutos, ele respondeu as oito perguntas dos repórteres, sempre em português – é verdade que, em algumas, teve que pedir ajuda ao intérprete para entendê-las.

Em intervenções curtas, Burke falou do tempo em que foi professor-visitante na USP, a questão da tolerância racial no Brasil, a relação Ocidente-Oriente, globalização, homogeneização de culturas, e aquecimento global. “Nos anos 80, quando vim ao Brasil, fiquei chocado com a falta de consciência ecológica. Mas tudo mudou. Hoje parece que as pessoas daqui têm mais consciência ecológica do que na Inglaterra”, sugeriu o historiador.

À noite, Burke volta a UFRGS para a conferência “A globalização da cultura, ou se o mundo todo fosse Brasil”. E nesta quarta-feira, autografa suas obras – são mais de 30 livros publicados, a maioria também no Brasil – no Moinhos Shopping, às 19h30.

Veja os principais trechos da entrevista coletiva:

Quais as principais influências da cultura brasileira no mundo?

Há exportação de novelas, com muito êxito, em diversos países, como China, Rússia etc. A importância da música também é grande. Mas nas ciências sociais, quase nada, pelo menos na França, Itália e outros lugares. Na Inglaterra, por exemplo, quase ninguém conhece o nome de um intelectual brasileiro, como o do também político Fernando Henrique Cardoso.

Como vê a questão da tolerância racial no Brasil?

Só passei um ano inteiro no Brasil uma vez, nas outras vezes estive aqui de passagem. Posso dizer que a tradição brasileira é de tolerância. Por outro lado, há um movimento de consciência negra, uma reação contra a tradição brasileira. Não sei avaliar esses movimentos opostos.

O que o senhor pensa do sistema de quotas raciais que se quer introduzir no Brasil. Ele não institucionaliza a discriminação racial?

Penso que o melhor é ter quotas econômicas.

O senhor concorda com a afirmação do pensador francês Guy Sorman de que só resta a democracia liberal como sistema político-econômico?

Acredito que a democracia deve ser adaptada às culturas locais. Por exemplo, democracia não significa a mesma coisa aqui no Brasil e na Inglaterra.

Está se criando uma nova cultura em função do aquecimento global?

Há uma tendência unificadora. Nos anos 80, quando vim ao Brasil, fiquei chocado com a falta de consciência ecológica. Mas tudo mudou. Hoje parece que as pessoas aqui no Brasil têm mais consciência ecológica do que na Inglaterra.

Como seria o mundo se tudo fosse um imenso Brasil?

Definiria em uma palavra: pluralismo.

E as culturas regionais, como ficam com a globalização?

Hoje há muita relação entre o local e global. Há algumas línguas que de fato foram quase extintas, em função da expansão das línguas que são faladas por muitas pessoas. Mas tem também a interação entre o global e o local. Já tem gente falando em “localização”. As culturas locais podem sobreviver.

Qual a importância dos Estados Unidos nesse processo de homogeneização da cultura, a partir da globalização?

A cultura dos Estados Unidos tem muita influência, mas é simplificar demais definir globalização como americanização. Seria interessante focalizar as exportações culturais de outros países, inclusive o Brasil. A China em 20 anos também vai exportar mais culturalmente, Taiwan já tem filmes locais com êxito internacional.

Qual o papel da mídia nesse processo de globalização?

Os meios de comunicação são muito importantes nesse processo, hoje se pode se mandar uma mensagem de qualquer lugar do mundo com rapidez. A tecnologia muda rapidamente, mas a mentalidade é muito mais devagar. A internet não é o suficiente para unificar o planeta culturalmente, mas sem dúvidas desempenha um papel importante. E aí aparece o inglês, de novo, com várias influências locais, uma língua híbrida.

Como fazer os países se interessarem pelas culturas dos países menos importantes, por exemplo, que um intelectual europeu se interesse por um escritor brasileiro, como Machado de Assis?

Fazendo livros. Estou escrevendo com minha mulher um livro em inglês sobre Gilberto Freire para o público que lê em inglês. A idéia dele sobre a necessidade de tropicalizar o pensamento é muito importante.

Qual sua opinião sobre O Choque de Civilizações, livro de Samuel Huntington, em que ele opõe Ocidente-Oriente?

Concordo com o esforço de buscar o lado cultural num conflito político, mas discordo em dividir o mundo em dois. É muito mais complicado e interessante do que isso.

O senhor foi professor-visitante do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, quando desenvolveu o projeto de pesquisa chamado “Duas Crises de Consciência Histórica”. Como foi essa experiência?

Foi uma tentativa ousada de fazer uma comparação de dois momentos em que se questionou a história, no século XVII e depois no século XX. No século XVII, Descartes e outros intelectuais diziam que era impossível conhecer a história, que não se tem certeza de nada. Depois, lendo sobre a crise do pós-modernismo, intelectuais franceses como Foucault, Derrida, observei tantas similaridades. Questionavam a história católica, que era uma mentira, a história protestante, que era mentira, enfim tudo mentira. No século XVIII, houve uma saída dessa crise. E também temos uma saída agora.
(Por Guilherme Kolling, Especial para o Ambiente JÁ, 10/04/2007)

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