Mato Grosso, que consumiu no ano passado 43,1 milhões de litros de óleo diesel para movimentar as usinas térmicas que abasteceram 29 localidades do Sistema Isolado, poderá estar 100% interligado ao sistema nacional de energia até 2012. Quem garante é a gerente de Mercado da Rede Cemat, Miriam Gomes, acrescentando que a empresa está implementando medidas para tirar Mato Grosso do isolamento.
Atualmente, 26 municípios, que consomem 172 MegaWatts/hora (MW/h), ainda dependem de motores a diesel para seu suprimento elétrico.
Segundo Miriam Gomes, o problema será eliminado com a construção de novas linhas de transmissão (LTs), num total de 1,27 mil quilômetros a serem implantadas no período de dois anos.
Para 2007, está prevista a implantação de 358 quilômetros (km) de rede, compreendendo seis trechos. O primeiro é o que liga Derivação Mineradora a Conquista D’Oeste, de 3 quilômetros, no mês de julho. No mês de novembro serão implantados mais quatro trechos: Alto da Boa Vista-São Félix do Araguaia (85 km), Vila Rica-Mineradora-Santa Terezinha (45 km), Mineradora-Santa Terezinha (90 km), Mineradora-Luciara (60 km) e Sorriso-Nova Ubiratã, 75 km.
Para 2008, estão previstos mais seis trechos, totalizando 917 quilômetros de rede: PCH Paranatinga II-Querência (230 km de extensão), no mês de março, e Querência-Alto Boa Vista (165 km), Alto da Boa Vista-Confressa (135 km) e Confresa-Vila Rica (97 km), no mês de junho. Para o mês de dezembro estão previstos mais dois trechos: Mineradora-Comodoro (120 km) e Alta Floresta-Nova Monte Verde, de 170 km de extensão.
EVOLUÇÃO - A gerente de Mercado da Cemat informou que 50,16 mil consumidores mato-grossenses foram atendidos no ano passado pela energia do Sistema Isolado, gerando um consumo de 43,10 milhões de litros de óleo diesel e uma despesa de aproximadamente R$ 86 milhões com a aquisição do combustível. Comparando números realizados em 2006 com 2005, a concessionária local obteve uma redução de 40% no consumo do derivado de petróleo e nas cifras destinadas à aquisição do insumo.
Em 2005, o consumo de diesel foi bem maior (72,43 milhões de litros de diesel), gerando uma despesa de R$ 145 milhões para a concessionária. Naquele ano, 33 municípios foram atendidos pela energia das usinas térmicas. Deixaram de fazer parte do Sistema Isolado os municípios de Juara, Juína, São José do Rio Claro, Nova Maringá, Castanheira, Novo Horizonte e Porto dos Gaúchos.
SOLUÇÕES – Ontem (10/4), técnicos da Rede Cemat, Eletrobrás e Empresa de Pesquisa Energética (EPE) iniciaram em Cuiabá uma reunião para discutir o comportamento do mercado de energia elétrica e soluções de melhoria para o atendimento às regiões atendidas pelo Sistema Isolado, aquelas que não contam com energia do Sistema Interligado Nacional e dependem de grupos geradores movidos a óleo diesel.
O encontro, que se estende até hoje, conta ainda com a participação de técnicos da Comissão Técnica de Mercado (CTM), representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Ministério de Minas e Energia, Eletronorte e das concessionárias Cemat (MT), Eletroacre (Acre), Manaus Energia/Ceam (Amazonas), Celpa (Pará), Ceron (Rondônia), Boa Vista Energia (Roraima) e CEA (Amapá).
De acordo com a Comissão Permanente de Análise e Acompanhamento do Mercado de Energia Elétrica, 43% da área da região Norte do país – correspondendo a cerca de 3% da população brasileira (1,2 milhão de consumidores) - é atendido pelos sistemas isolados, predominantemente térmicos.
Baixo Araguaia depende de LT que vai ao Pará
Abastecida em sua grande parte pelo Sistema Isolado, via grupos geradores movidos a óleo diesel, a região do Baixo Araguaia poderá sair desta dependência e passar a ser atendida pela energia hidráulica a partir de uma Linha de Transmissão (LT) a ser construída pela Rede Cemat.
O consumo da região é de aproximadamente 30 Megawatts (MW). O Baixo Araguaia não conta com alternativa de geração hidrelétrica devido ao relevo da região, que é plano e não oferece condições para a implantação destes empreendimentos.
De acordo com técnicos da Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme), uma das alternativas é a interligação da região com a hidrelétrica Serra da Mesa, inaugurada ano passado em Tocantins, com capacidade de geração de mil MW.
A usina vai levar energia para o sul do Pará, podendo neste trajeto implantar um ramal para Mato Grosso, entrando no Estado por Vila Rica. Se esta for a saída, o linhão deverá ter 138 quilovolts (Kv), já que a Cemat não pode trabalhar com linhões acima desta capacidade. Este sistema é uma subtransmissão, não garantindo a interligação da região ao Sistema Nacional da Eletronorte (Centrais Elétricas do Norte do Brasil). Além do Baixo Araguaia, parte dos municípios do Nortão e noroeste do Estado também está sendo atendida pelos geradores a óleo diesel.(MM)
(Diário de Cuiabá, 11/04/2007)