Dos 100 municípios que integram o ranking dos maiores destruidores da Amazônia, 58 também estão entre os campeões de homicídios do Mapa da Violência – lançado há um mês pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI). Mato Grosso concentra o maior número de citações coincidentes: 28.
O cruzamento dos dados foi feito pela Agência Brasil. As estimativas sobre desmatamento, obtidas com o projeto Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Projeto Prodes), resultaram em um ranking que inclui 100 municípios de quatro estados – Mato Grosso, Pará, Maranhão e Rondônia.
No caso do Estudo da OEI, o levantamento aponta os 556 municípios em que os índices de homicídio – calculados na proporção de 100 mil habitantes – são os mais elevados. Na lista, a liderança é de Colniza (1.169 quilômetros de Cuiabá), com uma taxa de 165 assassinatos por 100 mil habitantes.
“Essas cidades representam 10% dos municípios brasileiros, mas, em 2004, concentraram 71,8% do total de homicídios ocorridos no país”, aponta a reportagem da Agência. “Entre os municípios que figuram nas duas listas, 28 estão no Mato Grosso, 18 no Pará, oito em Rondônia e dois no Maranhão”.
Se considerados apenas os 100 mais violentos, são 16 os municípios que aparecem entre os maiores desmatadores. Entre estes, três mato-grossenses: Colniza, São José do Xingu (5º colocado no Mapa da Violência) e Aripuanã (8º).
Ausente
A relação entre a violência e o ritmo dos desmatamentos não é negada pelo secretário de Justiça e Segurança Pública, Carlos Brito. Segundo ele, as terras onde há grandes desmates são muito cobiçadas e, na maior parte dos casos, isoladas ou pouco servidas pelo poder público.
“Embora discorde da metodologia empregada pela OEI, o governo reconhece que a região noroeste do Estado, que concentra os maiores índices de desmatamento, é a que vive os maiores conflitos fundiários. As situações estão muito relacionadas”, comentou.
Segundo ele, o caso de Colniza é revelador sobre os efeitos da ausência do Estado. “Além de polícia, aquela é uma região que precisa de ações em todos os níveis de governo. O Incra, por exemplo, o Ibama, o Ministério Público, o Poder Judiciário e a própria Sejusp”.
A solução para o problema, na opinião do secretário, passa pela mudança da matriz econômica dos municípios da região amazônica. Segundo ele, se não houver alternativa econômica ao desmatamento, os indicadores continuarão ruins.
“É preciso coibir as ilegalidades, mas também temos de buscar um novo modelo para a região. As madeireiras, legalmente ou não, geravam empregos e movimentavam a economia. Se nada for feito, só restará mesmo chamar a polícia”.
(Por Rodrigo Vargas, Diário de Cuiabá, 09/04/2007)