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2007-04-10
A grave seca que há sete anos afeta o sudoeste dos Estados Unidos é reflexo de um novo padrão climático de caráter permanente na região devido ao aquecimento do planeta, afirmam cientistas. Ao que parece, a norma na região serão as condições da seca com tempestades de pó registradas nos anos 30, que levou à ruína milhares de agricultores, denominada “dust bowl”. Mas a aridez será ainda pior, segundo uma pesquisa publicada na revista Science no dia 4.

Este informe foi divulgado um dia antes da apresentação do último estudo do Grupo Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC), segundo o qual áreas propensas à seca provavelmente se tornarão mais secas devido ao aquecimento do planeta. A atual seca no sudoeste dos Estados Unidos não responde a padrões de variações climáticas naturais, segundo um dos co-autores do estudo divulgado pela Science, Ming Fang Ting, do Observatório Lamont-Doherty da Terra, da Universidade de Columbia. “As causas da seca, agora e no futuro, são diferentes com a mudança climática”, disse Ting à IPS.

Os especialistas da equipe de Ting aplicaram 19 modelos simulados de clima por computador. Assim, previram que o sudoeste norte-americano e algumas zonas do norte do México setentrional ficarão muito mais secas. Ao contrário de históricas secas anteriores, causadas por mudanças na temperatura da superfície do Oceano Pacífico, os modelos revelam que a mudança climática aumentará drasticamente a dimensão das zonas secas subtropicais em todo o planeta.

Estas zonas em expansão serão diferentes de tudo o que já se viu nos últimos 150 anos, e as secas futuras serão muito piores do que qualquer uma ocorrida desde tempos medievais, diz o relatório. A grande diferença, em comparação com o passado, é que essas áreas têm muito mais população do que antes, destacou Ting. Apesar da escassez de água, o sudeste dos Estados Unidos inclui alguns Estados de crescimento mais acelerado, como Arizona, Nevada, Novo México, Colorado e Utah.

Milhões vivem em grandes cidades como Denver e Phoenix, cuja existência responde a enormes projetos hídricos, como represas em rios ou bombeamento de aqüíferos profundos, que levam água através de canais e tubulações. A cidade de Las Vegas, em Nevada, fica em um vale no deserto de Mojave. Sua população aumentou para mais de 2,4 milhões, quando apenas 25 mil pessoas viviam ali, há 50 anos. Nos últimos cinco anos, 330 mil pessoas se mudaram para a cidade, que tem uma enorme indústria turística.

Demógrafos previram que Las Vegas chegará a 3,5 milhões de moradores até 2012. “Temos cerca de 102 milímetros de chuva ao ano, em média. É um deserto”, disse à IPS Scott Huntley, da Autoridade da Água de Nevada meridional. Las Vegas obtém toda sua água do Rio Colorado, mas o volume desse rio caiu 25%, porque a seca se estende até suas cabeceiras, nas montanhas Rochosas. A redução da camada de neve nessas montanhas e um derretimento mais rápido da neve na primavera significa que os sete Estados que dependem da água do Colorado enfrentarão escassez este ano.

Porém, Las Vegas continua sendo uma terra de fantasia onde tudo é possível, incluindo enormes lagos artificiais e fontes, como as do Hotel Bellagio, de aproximadamente três hectares. No mês passado, uma construtora comprou 80 hectares do longo do bulevar Las Vegas, onde pretende construir “o maior parque de água fechado na América do Norte”, junto com uma instalação fechada de esqui e outras de patinação sobre gelo, sem mencionar um cassino ambientado com temas tropicais e dois hotéis.

Para um futuro próximo está prevista a construção de mais de 40 mil novos quartos de hotel, mas os famosos cassinos da cidade representam apenas 9% do consumo de água, que se concentra nos campos de golfe e nas residências, particularmente para regar a grama e os jardins em geral. Por isso, as autoridades de Nevada montaram um programa de incentivo para as residências que reduzirem sua superfície gramada. “A grama é ridícula no deserto. Pagamos US$ 2 para cada pé quadrado (0,09 metros) de grama eliminado”, como incentivo, disse Huntley.

O programa de remoção de grama teve muito sucesso, como os esforços para limpar e reutilizar água. Inclusive, com o recente crescimento demográfico, o uso da água não aumento, acrescentou. “A cultura está mudando. As pessoas aceitam que vivemos em um deserto”, destacou Huntley. Apesar destes e outros esforços, Nevada fica em 41º lugar na lista de consumo de água entre os 50 Estados norte-americanos. Como boa parte do sudoeste afetado por secas, entre 80% e 90% da água da região são destinados às atividades agropecuárias.

“A agricultura desaparecerá, assim a água pode fluir para áreas urbanas em crescimento”, previu Karl Flessa, geocientista da Universidade do Arizona. “Isso já está ocorrendo”. Reduzindo a agricultura, as cidades podem crescer até ficarem enormes. Mas fazendo um balanço, isso não é bom para o entorno natural, disse Flessa. Os resíduos dos campos agrícolas e as faixas proporcionam água, embora freqüentemente de má qualidade, para muitas espécies de plantas, criando habitat para pássaros e outros animais. Os estabelecimentos agrícolas também oferecem mais habitat do que um mar de casas suburbanas com telhas vermelhas, acrescentou.

O custo da eletricidade poderia diminuir o crescimento da região, onde tanto o bombeamento da água quanto o ar-condicionado consumem enormes quantidades de energia. E, apesar de no futuro haver menos água e mais pessoas, a escassez hídrica não deterá o crescimento. “Como dissemos aqui, a água flui encosta acima para o dinheiro o poder”, afirmou Flessa.
(Por Stephen Leahy, Envolverde, 09/04/2007)



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