Mais de 10% das terras cultiváveis na China - cerca de dez milhões de hectares - estão contaminadas por águas residuais ou resíduos sólidos, segundo os primeiros resultados de um estudo publicado na segunda-feira (09/04), pelo jornal China Daily. Analistas da Administração Estatal de Proteção Ambiental (SAIBA, sigla em inglês) recolheram amostras desde julho do ano passado nos considerados "celeiros do país", como o delta do Rio Yang Tsé, e nas zonas mais desenvolvidas, como a Baía de Bohai, em um estudo pioneiro para avaliar a segurança alimentícia da China.
Num país onde apenas 13% das terras são cultiváveis, aproximadamente 12 milhões de toneladas de grão são contaminadas a cada ano devido a agentes nocivos como metais pesados, o que gera perdas de US$ 2,5 bilhões ao ano, segundo a SAIBA. No poluído delta do Yang Tsé, os analistas descobriram quantidades alarmantes de metais pesados e poluentes orgânicos, e a cada ano o solo no local recebe 2 mil toneladas de mercúrio procedentes da combustão de mais de 2 bilhões de toneladas de carvão.
Os resultados definitivos do estudo serão divulgados em 2008 e servirão, segundo o governo, para elaborar planos contra a contaminação do solo e de tratamento da poluição. A falta de cultivos é uma das conseqüências do aquecimento global, de acordo com o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) divulgado na sexta-feira pela ONU.
O estudo das Nações Unidas redobrou a pressão sobre a China, segundo maior emissor mundial de dióxido de carbono (CO2) e maior de dióxido de enxofre (SO2, que causa a chuva ácida), para que assuma compromissos de redução para depois de 2012. A China divulgará seu plano sobre mudança climática no final deste mês, mas continua sendo uma incógnita se estabelecerá ou não objetivos de redução do dióxido de carbono, o que ocorreu com o de enxofre.
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Efe, 09/04/2007)