Lançado há dez dias em São José, na Grande Florianópolis, o projeto “De Olho no Óleo” ganha um importante aliado esta semana. Será lançado na rede pública municipal, com 35 mil alunos, o concurso de melhor desenho para a logomarca do selo de adesão dos estabelecimentos que vão participar da iniciativa.
O programa inclui a distribuição de vídeos explicando como é possível reutilizar o óleo vegetal de forma correta, informa o superintendente da Fundação Municipal do Meio Ambiente (FMMA), Sílvio César da Rosa. O projeto conta com a parceria da Associação Empresarial da Região Metropolitana de Florianópolis (Aemflo) e prevê a fiscalização do óleo de cozinha utilizado em cerca de 900 bares, lanchonetes e restaurantes de São José.
Todos os proprietários dos estabelecimentos que atuam no setor de alimentação e que utilizam óleo vegetal terão 30 dias para a adesão. A iniciativa pretende reduzir a poluição ambiental e melhorar a qualidade de vida da população.
As empresas que fazem a coleta desse material também terão que se licenciar junto à fundação para ter direito a atuar na cidade, informa Sílvio. “Cada empresário pode escolher a prestadora de serviços que quiser, o importante é que faremos o monitoramento do destino final dos resíduos”, explica.
As empresas coletoras licenciadas terão que passar periodicamente nos locais credenciados para recolher o material e fazer o registro da quantidade de óleo coletada. Os dados serão monitorados para avaliação.
Após o prazo de adesão, o setor de fiscalização ambiental vai começar a multar os infratores por meio da lei de crimes ambientais número 9.506/98. “Os valores variam de R$ 500,00 a R$ 50 mil, conforme a gravidade do caso e a reincidência”, afirma.
A etapa final do projeto “De Olho no Óleo” vai abranger condomínios residenciais, escolas e associações, para estimular a coleta doméstica. O termo de adesão ao programa pode ser retirado diretamente na Fundação Municipal do Meio Ambiente de São José. Mais informações pelo telefone (48) 3381-0040.
Brasil consome 4 bilhões de litros de óleo por ano
O óleo usado na fritura de alimentos e despejado nos ralos de pia ou no lixo provoca graves danos ao meio ambiente. Um restaurante que usa duas fritadeiras e que troca a cada quinzena o óleo vegetal gera mensalmente 100 litros de óleo saturado. No Brasil, estima-se que o uso do óleo vegetal chegue a 4 bilhões de litros por ano.
O problema é que óleos e graxas são substâncias orgânicas que, quando presentes na água do mar, nos rios, na rede pluvial ou de esgoto, estão diretamente relacionadas ao despejo incorreto, especialmente do óleo de cozinha através do ralo da pia. Além disso, a decomposição deste óleo emite metano na atmosfera. O gás é um dos principais responsáveis pelo aumento do efeito estufa.
A reciclagem é a melhor alternativa. A partir de um processamento, o óleo de cozinha usado pode ser reaproveitado na fabricação de sabão, tintas ou massa para calafetação. Se misturado ao álcool, o óleo saturado pode se transformar em biodiesel, reduzindo a emissão de dióxido de carbono em 78% e a liberação de enxofre na atmosfera em 98%.
Em Florianópolis e São José, por exemplo, a empresa Ana Cristina Viera e Cia. já trabalha com a coleta do resíduo em cem estabelecimentos comerciais, recolhendo 12 mil litros de óleo por mês.
Municípios buscam uma saída para não poluir água
Um estudo da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) indicou que um litro de óleo contamina cerca de um milhão de litros de água, o equivalente ao consumo de uma pessoa no período de 14 anos.
Com base nestes dados, o Lions Clube Leão do Mar, de Balneário Camboriú, com apoio da Bunge, lançou uma campanha de reciclagem de óleo vegetal. O objetivo é conscientizar os moradores da cidade e região para o destino do óleo de frituras das residências. A recomendação da campanha é que o óleo de cozinha seja depositado em um recipiente fechado, comovidros de conserva e garrafas pet, e colocado no lixo doméstico para que seja levado para o aterro sanitário.
Leonardo Rubi Rörig, doutor em ecologia e recursos naturais e professor da Univali, explica que o o óleo de cozinha tem efeito similar ao óleo do petróleo no meio ambiente e demora a se decompor. Ele também afirma que mandar o óleo de cozinha para o aterro sanitário não é a saída ideal, mas é melhor do que jogá-lo na água.
O presidente do Leão do Mar, Luiz Fernando Vieira Piloto, informa que a campanha deverá ter uma segunda etapa. Está sendo estudada a possibilidade de montar pontos de coleta do óleo, para que ele seja encaminhado para reciclagem.
(A Notícia - SC, 09/04/2007)