(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2007-04-09

As mudanças climáticas são uma realidade, e a ciência confirma que a atividade humana tem boa parte da culpa. Mas, nos últimos anos, um novo fenômeno ambiental surgiu na Grã-Bretanha - o fenômeno das mudanças climáticas "catastróficas". Como se simples "mudanças climáticas" não fossem suficientes, agora elas precisam ser "catastróficas" para merecer atenção. O aumento no uso deste termo pejorativo - e seus semelhantes "caótico", "rápido" e "irreversível" - alterou o discurso público em torno do tema.

Eu mesmo estou sendo cada vez mais castigado por ambientalistas quando minhas palestras não satisfazem a sede deles por uma retórica exagerada. Parece que somos nós, cientistas que investigam o clima, os céticos.

Fatores
O que levou o debate entre cientistas especialistas em mudanças climáticas e céticos a agora ser um debate entre cientistas e alarmistas? Por que políticos e cientistas estão, junto com ativistas, confundindo a linguagem do medo, do terror e do desastre com a realidade física observável das mudanças climáticas, ignorando deliberadamente os cuidados que cercam as previsões científicas?

Acredito que isso se deva a três fatores. Primeiramente, o discurso da catástrofe é um mecanismo de campanha que está sendo mobilizado no contexto do fracasso do Protocolo de Kyoto. Os signatários não vão cumprir com suas obrigações de reduzir a emissão de gás carbônico. As campanhas então requerem uma reação determinada para aumentar o interesse - e a linguagem da catástrofe climática vem a calhar. Em segundo lugar, esse discurso é um mecanismo político e retórico para modificar o ângulo das negociações sobre o que deve ocorrer quando o Protocolo de Kyoto expirar, em 2012.

Finalmente, o discurso da catástrofe dá espaço para a realocação das verbas para pesquisas científicas. Falta pouco para se alegar que os riscos que o mundo corre são reais e iminentes, dando a entender que mais uma "injeção" de dinheiro vai permitir que cientistas possam quantificar esses riscos.

Ciência
Precisamos fazer aqui uma pausa para refletir. A linguagem da catástrofe não é a linguagem da ciência. Ela não faz parte dos relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês). E funciona como um poderoso meio para induzir uma mudança de comportamento. Isso já foi visto em outras áreas da saúde pública. As descobertas do IPCC são importantes o suficiente sem invocar a catástrofe e o caos como armas que ameaçam desesperadamente a sociedade.

Acredito que as mudanças climáticas são reais e precisam ser enfrentadas com várias atitudes. Mas o discurso da catástrofe corre o risco de colocar a sociedade em uma trajetória negativa, deprimente e reacionária.
*Mike Hulme é professor de Ciências Ambientais da Universidade de East Anglia e diretor do Centro Tyndall para Pesquisas em Mudanças Climáticas.
(BBC Brasil - O Estado de São Paulo, 06/04/2007)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -