O ministro da Agricultura equatoriano, Carlos Vallejo, afirmou em entrevista publicada nesta sexta-feira (6/4) que o Equador pretende aproveitar a experiência do Brasil para entrar no mercado dos biocombustíveis.
O Equador pretende "aproveitar a experiência do Brasil, de mais de 10 anos, na produção de álcool (etanol) para biocombustível e biodiesel. Tem experiência não só no cultivo, mas também no processamento e na distribuição", afirmou Vallejo ao jornal "Expreso". O ministro lembrou que o Equador "já produz um pouco de etanol".
"Infelizmente não conseguimos aproveitar por falta de coordenação, mas a partir de agosto começará a ser vendida uma mistura de etanol com gasolina", explicou.
O ministro acrescentou que a cooperação do Brasil será realizada através da montagem de cultivos e afirmou que já está pronto o plano de 50 mil hectares para a plantação de cana-de-açúcar e outros 50 mil de palma.
Vallejo afirmou que a palma africana será semeada em Esmeraldas e em Santo Domingo de los Colorados, enquanto serão ampliadas as plantações existentes de cana-de-açúcar nas províncias de Los Rios, El Oro, Guaias, Pichincha, Imbabura, Azuai e Loja.
Reforma agrária
O ministro esclareceu que não será aplicada uma reforma agrária de divisão de terras para fazer estas plantações.
No entanto, Vallejo ressaltou que, "se em alguma parte do país existe alguma propriedade que esteja no total abandono, que não esteja sendo trabalhada por seus proprietários e que poderia servir aos camponeses, será realizada uma distribuição de terras, na medida do possível".
Vallejo viajou com Correa esta semana ao Brasil em uma visita oficial na qual se discutiu a cooperação do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva para a produção de biocombustíveis no Equador.
Correa disse em Brasília que "respeita" os critérios contrários ao desenvolvimento do etanol, mas afirmou que, para o Equador, os biocombustíveis são "um caminho necessário" para romper a dependência do petróleo.
Oportunidade
"O etanol é uma grande oportunidade, e o Equador deve se preparar para uma economia não petrolífera, porque o petróleo em um momento acabará", afirmou Correa.
A opinião de Correa, contrária às críticas feitos pelos presidentes de Cuba, Fidel Castro, e Venezuela, Hugo Chávez, ao etanol, em particular, e aos biocombustíveis, em geral, é que desenvolver estes novos carburantes "é como semear petróleo".
Correa explicou que, durante sua visita ao Brasil, foram assinados três convênios bilaterais na área de biocombustíveis e afirmou que, com eles, o Equador se preparará para romper a dependência do petróleo.
O petróleo é o principal produto de exportação do Equador, que, com a receita pelas vendas, financia cerca de 35% do Orçamento geral do Estado.
(EFE - Folha Online, 06/04/2007)