A Sociedade Beneficente Flor da Serra, de Carazinho, na região do Alto Jacuí, trabalha desde 2000 com o projeto Viva a Natureza em Harmonia (Vinza), que transforma lixo em artesanato e promove a cidadania de pessoas que buscam ajuda na entidade. Segundo a coordenadora do projeto, Noeli de Souza, o lixo descartado por moradores do município vira renda extra para famílias que estão desempregadas ou no mercado informal. 'A maioria dessas pessoas está sem perspectiva de vida, pois não arruma emprego ou busca no mercado informal o sustento de suas famílias', afirma Noeli. 'Por meio do projeto, podem usar o material recolhido e, com vontade e criatividade, transformar o que é descartado pela comunidade em artesanato e fonte de renda.'
O trabalho também é realizado por voluntárias, que produzem as peças como forma de colaborar com a entidade. A atividade de transformar resíduos sólidos descartados no lixo em bolsas, tapetes, pufes, quadros e bonecas, entre outros produtos, é feita na sede da entidade e conta com o envolvimento de 25 pessoas. 'Esse número varia muito, pois a participação é livre e sem um dia determinado. Quando os participantes encontram algum tipo de serviço, deixam o projeto, mas sempre com a liberdade de poderem voltar sempre que precisarem', explica a coordenadora. O trabalho final é vendido no próprio local, em feiras ou de porta em porta. A renda é dividida entre os participantes ou, no caso da produção das voluntárias, revertida para manter a iniciativa.
Noeli diz que uma pessoa ligada ao projeto é responsável pelo recolhimento do lixo reciclável nas ruas da cidade, que chega a 5 toneladas ao mês. Outra separa o material e orienta os participantes sobre as técnicas a serem utilizadas. Móveis e eletrodomésticos também são recuperados e doados para moradores que necessitam de ajuda. O material não reciclável utilizado no artesanato é doado por pessoas da comunidade. 'Também recebemos doações de roupas, que são reformadas pelos integrantes do projeto e distribuídas para as famílias dos participantes. O que sobra, vendemos por preços simbólicos aos moradores do bairro para ajudar na manutenção da entidade', afirma.
A coordenadora do Vinza destaca, ainda, que famílias do bairro também são beneficiadas com kits escolares montados pelo grupo envolvido nas atividades. 'Montamos cadernos novos com as folhas boas daqueles retirados do lixo. Neste ano, já conseguimos ajudar seis famílias carentes com o material escolar', conta.
(Por Simone Ramos, Correio do Povo, 08/04/2007)