O secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, Cláudio Langone, disse hoje (6/4) que o relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) confirma a necessidade das políticas de adaptação e reforça a tese de que as conseqüências do aquecimento global serão trágicas se não forem tomadas providências. Para o secretário, o grande desafio brasileiro é conter o desmatamento.
Na avaliação de Langone, a avaliação preliminar que o IPCC traça em relação à Amazônia é sombria.
– O relatório indica um cenário difícil para boa parte da Floresta Amazônica, com risco de que ela se torne uma savana. Mantida essa tendência, a Amazônia será um dos pontos do planeta que mais vai sofrer com o aquecimento.
Para o secretário executivo, o grande desafio brasileiro é conter o desmatamento.
– O Brasil é o quarto emissor de gases que provocam o efeito estufa e que causam o aquecimento terrestre. O maior responsável nessa questão é o desmatamento. Os amazonenses, em particular, têm como grande tarefa contribuir para que sejam desenvolvidos modelos de desenvolvimento econômico regionais que permitam que a floresta continue de pé – disse.
O secretário também destaca a necessidade de o país desenvolver um plano nacional de combate aos efeitos das mudanças climáticas que contribua com o que já vem sendo feito.
– Esse é um debate que deve ser aprofundado na medida em que cada país puder aprofundar seus próprios estudos sobre as conseqüências do aquecimento global. Com o Plano Nacional de Combate aos Efeitos do Aquecimento Global, o Brasil certamente fará isso.
Segundo o supervisor de Conservação da WWF/Brasil, Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, a ameaça de a Amazônia tornar-se uma savana já havia sido apontada por instituições brasileiras.
– Existem estudos realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que indicam que 30% a 60% da Floresta Amazônica podem se transformar em cerrado caso o aumento da temperatura do planeta continue seguindo os padrões atuais.
Scaramuzza diz que é importante entender a real dimensão das conseqüências do aumento da temperatura e da redução das chuvas na Amazônia.
– Em certo grau, o aumento da disponibilidade de gás carbônico e de umidade poderia favorecer as florestas, mas nas dimensões do aumento de que estamos falando essas conseqüências inicialmente favoráveis seriam superadas pelos aspectos negativos como a perda florestal em função do aumento da temperatura e da maior vulnerabilidade a incêndios durante a época das secas.
(Agência Brasil, 07/04/2007)