As federações que representam os agricultores gaúchos mostram-se divididas em relação à produção de cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul. Enquanto a Fetag pretende incentivar os pequenos produtores a aderirem à cultura - contanto que haja mercado -, a Farsul deve criar um grupo de trabalho para analisar a questão.
O presidente da Fetag, Elton Weber, informou que está em elaboração um projeto que deverá ser implantado nas regiões das Missões e do Litoral. Cada usina custaria R$ 1,2 milhão e teria a capacidade de beneficiar de 400 a 500 hectares de cana-de-açúcar. 'Estamos verificando com os agricultores a intenção de formar uma cooperativa que seja administrada por eles.' Cerca de 3 mil agricultores já teriam se mostrado interessados somente nas duas regiões. A vantagem, conforme Weber, é que os produtores terão mais uma alternativa de diversificação nas propriedades, poderão agregar mais renda e estarão inseridos na produção de biocombustíveis.
Para seguir com o projeto, a Fetag aguarda o zoneamento do plantio de cana-de-açúcar. A intenção é que o mapeamento preveja financiamento para a implantação das lavouras e seguro para o caso de quebra de safra. O assunto deverá ser tratado, nos dias 13 e 14 de abril, com uma equipe do Ministério da Agricultura que aborda o assunto e estará no Estado.
Já o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, vê com muita reserva a implantação de lavouras de cana-de-açúcar. 'Temos outro perfil produtivo, além de inimigos como o frio e áreas diminutas.' O dirigente ainda acredita que a instalação de empresas para produção de biocombustível no Estado poderia gerar desemprego devido ao grande nível de mecanização. Além disso, ele teme a competição com o petróleo, já que o biocombustível deixa de ser interessante quando o barril de petróleo baixa de 40 dólares.
(Correio do Povo, 06/04/2007)