Os condomínios ecológicos são uma alternativa para quem não quer comprometer o ecossistema. E, ao contrário do que se imagina, não custam mais caro do que morar em um condomínio comum. "O mercado regional estabelece custo da terra, infra-estrutura, encargos e administração", explica André Soares, fundador do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC), localizado em Pirenópolis (GO).
"Os diferenciais nas ecovilas estão em receber muito mais pelo mesmo valor investido, ou seja, elas oferecem mais infra-estrutura comunitária e maiores opções sociais quando comparadas aos empreendimentos convencionais". É um modelo que pode ser adotado com facilidade, mas é necessário um respaldo técnico para executar uma infra-estrutura ecológica.
Segundo ele, "os condomínios ecológicos podem ser a solução para as necessidades de habitação e organização social de nossa população. Eles têm impacto ambiental positivo, melhoram o ambiente onde estão inseridos sem comprometer o ambiente regional e trazem de volta a floresta para o convívio humano".
"As características fundamentais são a intenção de criar uma habitação humana, em harmonia com o ambiente, buscando a sustentabilidade em todos os aspectos: ambiental, econômica e social", explica Soares.
Soares esclarece que uma das principais diferenças entre uma ecovila e uma cidade comum é "a interação entre as pessoas, no resgate de hábitos e rituais sociais saudáveis, como nas celebrações comunitárias e na ausência de atividades danosas ao planeta".
Segundo ele, muitas pessoas vão morar em um condomínio ecológico para sair de um ambiente que já não oferece esperança. Outras fogem da vida individualista e massificadora do sistema econômico moderno, em busca de alternativas saudáveis para criar seus filhos. "Essas pessoas, geralmente, compreendem sua responsabilidade como cidadãos planetários e querem participar de uma teia social integrada ao ambiente participando de sua restauração e invertendo os impactos."
Dentro de uma ecovila existem muitas iniciativas sociais. Algumas delas encorajam as pessoas a partilharem refeições com jantares coletivos, festas e celebrações. Outras promovem encontros educativos para qualificar melhor os residentes. Outros grupos têm rituais espirituais de celebração da religiosidade. "Dentro da comunidade não existe uma regra ou regime absoluto. O que existe é uma tendência forte a resgatar os valores legítimos da vida em sociedade", conta.
Segundo Soares, a maioria das ecovilas encoraja os residentes a trabalharem em casa ou perto dela, de maneira a reduzir a dependência do automóvel, que é a característica mais insustentável da sociedade. "É claro que ainda não é possível e, nem aconselhável, que todos trabalhem dentro da comunidade, pois um intercâmbio sempre é benéfico para todos. Também, algumas atividades profissionais não podem ser exercidas próximas à residências, pois oferecem desconforto aos vizinhos. Nesse caso é preciso sair para trabalhar".
Para Soares, são inúmeros os benefícios de morar em uma ecovila. "A vida é melhor. Para começar, as crianças crescem num ambiente sadio, seguro e natural, tornando-se adultos mais responsáveis e humanos. Os adultos encontram mais amigos e trabalham com mais alegria, geralmente naquilo que gostam. Os idosos podem oferecer a sabedoria adquirida para jovens, crianças e adultos".
(Por Ana Loiola, Aprendiz/Envolverde, 04/04/2007)