A ação de fiscalização deflagrada pela Secretaria de Meio Ambiente do Pará sobre as empresas do pólo siderúrgico de Marabá causou reações no Sindicato dos Produtores de Ferro-Gusa do Pará. Os empresários temem que a falta de madeira legal para a produção de ferro-gusa ocasione a redução do volume de produção das indústrias e até mesmo a paralisação das suas atividades. Eles não negam as irregularidades e acreditam que o problema só poderá ser plenamente resolvido por volta de 2015.
O presidente da entidade, Afonso Albuquerque, avalia que cerca de 35 mil pessoas podem perder o emprego. A possibilidade de demissão de funcionários, embora não em tão larga escala, não é descartada pelo secretário de Meio Ambiente do estado, Valmir Ortega: “Nós não podemos, pelo argumento do emprego, permitir que um crime ambiental se perpetue”.
Segundo ele, o desafio do governo do estado e também das empresas é garantir que o pólo funcione dentro da legalidade. O secretário acredita que a regularização de terras no estado vai garantir áreas para a produção de madeira legal para alimentar os fornos das indústrias.
“Estamos em várias frentes. Na região do pólo guseiro em Marabá, trabalhamos em parceria com o Ibama e com o Instituto de Terras do Pará (Iterpa). Grande parte das terras tituladas são privadas e não produzem madeira de forma adequada por causa de passivos ambientais, sobretudo reservas. Estamos criando um programa de regularização dentro de um processo de Zoneamento Ecológico e Econômico que criará condições de liberar terra para produção florestal sustentável", explica o secretário, admitindo que o processo pode levar tempo.
O governo do Pará estima que as sete indústrias do pólo de Marabá produzam cerca de 2 milhões de toneladas de ferro-gusa por ano. Para essa produção, são necessários aproximadamente 4 milhões de metros cúbicos de carvão. O gusa produzido no pólo é exportado, principalmente, para Estados Unidos, China e Europa.
Mauro Correia, diretor executivo do sindicato dos produtores, informa que as siderúrgicas estão negociando um prazo com a Secretaria do Meio Ambiente para obter a auto-sustentabilidade. O problema é que, mesmo que as empresas invistam agora em reflorestamento, as árvores levam cerca de seis anos para darem o retorno esperado. Segundo Correia, somente a partir do ano de 2015 as siderúrgicas poderão atender a todas as exigências ambientais.
(Por Isabela Vieira e Elaine Borges, Radiobrás, 04/04/2007)