Colher marcela na manhã da Sexta-feira Santa, antes mesmo de o sol nascer, é tradição. No entanto, a prática mantida há décadas está levando ao risco de extinção da planta medicinal símbolo do Rio Grande do Sul. Para tentar reverter esse processo, a Emater/RS-Ascar lançou a campanha Plante Marcela.
“Há estudos indicando que a marcela poderá desaparecer em poucos anos se a exploração intensa continuar e não houver preocupação em cultivar a planta”, informa a coordenadora da área de bem-estar social do escritório regional da Emater de Estrela, Afaf Wermann. A melhor época para o plantio das sementes é nos meses de setembro e outubro, em covas superficiais para que possa haver bastante luminosidade. As sementes são pequenas, o que exige atenção no manuseio para evitar que percam a fertilidade. Elas são encontradas no fundo do recipiente no qual as flores são armazenadas para o uso durante o ano.
O agrônomo e assistente técnico estadual em plantas bioativas, Gervásio Paulus, explica que o ideal é não colher toda a planta, mas deixar no ambiente em que está se desenvolvendo para que novos pés surjam. “A preservação do ambiente e o cuidado para não usar agrotóxicos nessas áreas é fundamental para a manutenção da marcela”, defende.
A planta, também chamada de macela, é muito usada em forma de chás, tinturas e compressas como diurético, antifebril, antiespasmódico, digestivo, analgésico, antiinflamatório, antisséptico, antidiarréico e calmante. Também pode ser usada para tratar enxaqueca, bronquite, colesterol, gripe e diabetes. Nos animais, pode ser utilizada para vários males, como mastite, ferimentos e infecções nos olhos. Além disso, é um inseticida natural no controle de pulgões e borrachudos. “É uma das plantas mais tradicionais da medicina caseira e popular, por isso temos a obrigação de cuidá-la, preservando a vida e a natureza”, afirma Afaf.
(Gazeta do Sul, 05/04/2007)